EDITORIAL - TRIGÉSIMA EDIÇÃO
Nos des-convexos pensares acerca da linguagem, do dito concluído,absorvido, mensurado, resmungado, falado, desdito,regurgitado, enfiado goela abaixo, vomitado e afins...perdemos a noção do falso universo criado pela fala. Nele criamos vitórias, culpas, dores e prazeres. Traduzimos anseios em meio a pontuações destoantes e complexas. Abstraímos o sentir pelo realizar. Depois de estuprar um feto, alienígena ou animal, de quem é a culpa? Sua, das ideias, das vontades, de deus? Não sabemos. Aconselhamos que leia os contos e se masturbe com suas próprias ideias bizarras e nunca se esqueça dos desejos sexuais que teve quando matavam algum inseto na sua presença durante a tenra infância.
UMA CONVERSA CASUAL NA CAMA IMPREGNADA DE SEXO
– Que é o pensamento?
– Que é o quê?
– O pensamento.
– Vejamos…Que pensa você que ele seja?
– Imagens, acho.
– Imagens?
– É. Como se fossem quadros, você fala alguma coisa e eu imagina, entende?
– Tipo. Você comendo porra com fezes?
O REGOZIJO PELOS ANJOS ASFIXIADOS
A miscelânea da manhã acordava. De sobressalto, ele despertava
esfregando os olhos grandes e lacrimejantes. Bocejava escancarando a
bocarra matinalmente fétida. Erguia meio tronco, desejando continuar deitado.
Levantava-se de supetão. Acordava novamente com seu dilema doentio. Era
o monstro que era. Não sabia e nem interesse tinha em descobrir como
parar.
A primeira vez que cometera seu ato,
que cedera ao seu desejo nefasto, havia também conjuntamente assumido outro
pecado, sem querer havia assassinado. Nunca fora sua intenção. Ele era lindo.
Rosado. Recém tinha chegado à sua casa. Dividia a velha casa,
herdada da mãe, com a irmã e o cunhado. E por pouco tempo com seu sobrinho
recém nascido.
Esse último, sua vítima. Sentiu
aflora-lhe o desejo que o dominava em pensamentos. No auge de seus 30 anos,
nunca praticara aquela insanidade. Mas o pequeno corpo, quente e sadio,
sorridente e próximo fora sua bancarrota, o primeiro passo para sua tentação.
Tocou as bochechas vermelhas, ele sorriu.
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