UMA CONVERSA CASUAL NA CAMA IMPREGNADA DE SEXO


 Que é o pensamento? 

 Que é o quê? 

 O pensamento. 

 Vejamos…Que pensa você que ele seja? 

– Imagens, acho. 

– Imagens? 

– É. Como se fossem quadros, você fala alguma coisa e eu imagina, entende? 

– Tipo. Você comendo porra com fezes?

 – Nojento. Isso é nojento, Jack. O jeito como você falou, sinto até o gosto, nojo. 

– Então até sabe o gosto… Você já comeu porra com merda? 

– Jack! 

 Okay! Mas acho que não é só isso… 

– Que pensamento não é só porra e merda, disso eu sei, só na sua cabeça doente é que pensamento é essa coisa nojenta. 

– Você é burra. 

– E você é depravado. 

– É. Eu sei. Que tal uma foda? 

– A gente acabou de fuder. E por sinal, nunca mais faça o que você fez… 

– O quê? 

– Você sabe bem… 

– Não, não sei. 

– Sabe sim! 

– Okay… Vamos ver… Primeiro, agarrei você pelos cabelos, aí eu virei você de costas com alguma violência, enfiei valendo, sem nem me importar se você 'tava molhada ou não, enrolei o seu cabelo na minha mão enquanto agarrava sua cintura com força com a outra, meti com tudo, querendo machucar mesmo, o útero era o objetivo. E eu sei que você gostou, já 'tava toda molhada antes de eu começar e ficou ainda mais molhada depois da minha enfiada, cheguei a sentir escorrendo. 

– Eu ' menstruada, idiota, era sangue. 

– Tanto faz, era sangue de prazer. Hahaha! 
– Idiota. Não sei porque eu dou pra você. 

– Porque eu tenho um pau enorme e sei usar do jeito certo, ora. Hahaha! 

– Você é bem convencido, sabia? 

– Todas dizem isso. 

– Todas? Ah é? E quantas foram? 

– Vamos ver… Teve a Natália, ela era meio pirada, transava mal, parecia um cadáver na cama, e também era bem pálida, tinha um cabelo azul, pinta de roqueira… 

– Não gosto daquela monga! 

– Você quis saber… 

– Ela não, alguma que eu não conheço, só de pensar já fico com raiva… 

– Okay. Teve a Rafaela, conheci na universidade, queria pegar a amiga dela na verdade. 

– E o que deu de errado. 

– O de sempre: pegar aquela que não nos interessa. 

– Ah! Não me vem com essa conversa de que “tem que ignorar”. 

– E tem! 

– Machista isso. 

– Machista meu caralho no seu rabo. 

– Grosso. 

– Você sabe o quanto. 

– Eu vou embora! 

– Okay. Desculpa! Posso continuar a história? 

– Vai… 

– Então. O plano não era comer ela, eu queria a amiga dela, a loira, nunca comi loira. 

– Eu sou loira, idiota. 

– Mas não verdade. Por sinal, deveria pintar de outra cor. 

– Idiota. Nunca me elogia. 

– Vou elogiar quando pintar com uma cor melhor. 

– Grosso. Vou embora! 

– Não queria saber das “outras”? 

– Bem… Quero. Mas sem babaquice. 

– Sem babaquice. Seja lá o que for isso. Me perdi, porra! 

– A Rafaela. 

– Na verdade, eu não lembro dela, aí disse o nome da minha sobrinha. Hahaha! 

– Inconsciente, não acha? 

– Como assim? 

– Você deve ser um depravado que quer comer a sobrinha. 

– Eu quero. 

– Depravado! 

– Você não parecia se importar muito com esse tipo de coisa enquanto me chupava. E nem na hora em que você disse “quer gozar na minha boca?”. 

– É diferente! 

– É? 

– Ela é sua parente. 

– Tecnicamente, você também é. 

– Como? 

– Todos somos filhos de Deus, logo, somos todos irmãos. Hahaha! 

– Idiota. Conta a droga da história. E aí? Como foi com a Rafaela? 

– Ela fazia sexo oral. 

– Sério? 

– Sério. E também não depilava a região genital. Foi inédito pra mim, nunca tinha vista mulher em pelo. 

– Que expressão mais machista! 

– Ah! Foda-se. Não se diz cavalgar égua a pelo? Então, se diz também comer mulher a pelo! Hahaha! 

– Você é um otário, sabia? 

– Sabia. 

– Mas não era esse o ponto. A gente queria saber o que é o pensamento. 

– Ah! Sabe o que eu penso? Que o pensamento é antes um mero conjunto de ideias. 

– Como assim? 

– 'Tá vendo aquela camisinha usada? 

– Sim. 

– Então. “Camisinha” é uma ideia, “usada” é outra ideia. As duas ideias forma um pensamento: “camisinha usada”. Entendeu? 

– Sim. Mas isso não explica da nada! 

– Ainda não terminei… O que eu quero dizer é que ao ver a camisinha ou tentar imaginar ela, algo no meu cérebro “acende”, quero dizer, a quantidade de sangue e atividade elétrica numa parte específica do cérebro deve aumentar, em conjungo com a outra ideia, a atividade aumenta ainda mais, a soma dessas atividades me dá o pensamento. Mas de um tempo, ele cessa, e é como se ele fosse sendo apagado lentamente, e caso não seja reativado, irá sumir por completo. 

– Hum… 

– Então, é assim: tudo o que somos é essa coisa, essa atividade cerebral que acende e apaga, é como se a gente não tivesse existência por si, como a identidade não existisse de fato, entende? Por que o que somo senão um conjunto de pensamentos? É isso o que nos define como seres, o que nos dá nossa identidade. E como os pensamentos tendem a se pagar, quero dizer, a atividade cerebral específica tente a cessar, no fim é só sangue e eletricidade circulando, a gente que ser lembrado constantemente de quem somos. 

– Como assim? 

– Não é como se alguém visse até nós e falasse algo assim: ei! Você é o Júlio! Lembre-se disso. Não. É o somatório de tudo o que nos cerca e o que o torna toda a atividade circundante constante em algum plano que faz com que a gente cria uma identidade de quem nó somos. Pra entender, imagine uma criança, ela é estimulada pelo meio e dele  vai retirando peças de informação cada vez mais crescentes, mas nem todas as peças são devidamente reforçadas, umas ficam em atividade no cérebro, enquanto outras são perdidas, mas as que estão em atividade não estão necessariamente ativas, elas ficam no estado passivo, porém não como o inconsciente, estou aqui negando totalmente o inconsciente, pois até hoje não se pode determinar cientificamente sua existência, quero dizer, ele não deixa rastros, como aumento da atividade sanguínea ou elétrica, é como se fosse Deus, então não podemos considerá-lo, pois bem, quero dizer que há um estímulo que causa certa impressão física no cérebro, o somatório dessas impressões é o que nos define como indivíduos, assim, quando somos submetidos a uma rotina, e todos são de uma forma ou outra, acabamos estimulando peças de informação, conjuntos de ideias, pensamentos que por estarem em constante atividade, ou seja, por saírem da passividade, o estado de lento apagamento, para a atividade acabam por definir o que somos. No fim, aquelas lembranças estranhas, e toda essa coisa de psicanálise é uma confusão total com o período de apagamento, o que esses charlatães fazem é encontrar as partes da mentes que estão nesse estágio de “morte da lembrança”, só pra chamar ela de “inconsciente”. Sabe, esses pensamentos não são nada disso, são só impressões físicas detectáveis que não estão sendo estimuladas. Pense num adulto que sofreu abuso durante a infância. É claro que as lembranças são distorcidas e estranhas, o estímulo ocorreu somente uma vez, ou poucas vezes, e mesmo que tenha ocorrido durante um ano inteiro ou mesmo durante toda a infância, todo esse período ainda será uma fração pequeno de vida comparada com a toda a vida que a pessoa tem pela frente, supondo que ela viverá o suficiente para ser velha. Então mesmo que ela fique perturbada ou não consiga superar o caso, o que temos é somente um estímulo cerebral muito forte, como uma luz muito intense que vai perder brilho, mas que por ser intensa, tende ainda a brilhar mais fortes que outros pensamentos. Entende? 

– Não sei bem… Meio mecânico isso. 

– Mas é assim mesmo. É mecânico e simples, feio a criação bíblica. O que é simples é belo. 

– Você é um idiota. Sabia? 

– Sabia. 

– Quer transar? 

– Quero. Mas dessa vez, eu sou o passivo!

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