EDITORIAL - QUARTA EDIÇÃO!


Nessa edição da Hot dois contos, “Sexualidade: Mera Questão de Consciência” e “O Dono de um Cavalo SemNome”, convergem ao tema loucura. Até onde nossa frágil mente é capaz de suportar as pressões externas e internas que nos surram diariamente? Nenhuma das histórias pretende explicar isso, claro.

A terceira e última parte da saga “A Aventura de Hans Fall na Ilha das Mulheres Nuas” e o conto “Não Conseguia Matar Anjos” tratam da facilidade (vagina!) que as mulheres têm em reduzir os homens a meros escravos de suas vontades, e as cosequências nem sempre agradáveis dessa servidão.

Em “Saliva, Cruz e Esperma” talvez algum leitor menos instruído finalmente se dê conta de que Jesus não foi o único cara a ser pregado numa cruz,o que talvez siginifique que o nosso personagem também possa vir a ser adorado um dia.

Réquiem traz à pauta de nulidades hotfritolianas a frivolidade e presunção de certas ideias físicas. Sabe? Algumas coisas não podem ser ignoradas numa equação, mas ainda assim são...

Regurgitem bem a comida!

SALIVA,CRUZ E ESPERMA


Estava pregado. Crucificado. Uma coroa de espinhos na sua cabeça. Gotas de sangue escorrendo pelo seu rosto. Uma sensação terrível. Elas Pingavam sobre seus olhos. E isso encomodava muito. Mas ele não podia coçar.

- Por que não morria de uma vez?! 

Falava consigo mesmo. Tinha sede. Tinha fome. Tinha raiva. As moscas rodopiavam ao seu redor. Aos seus pés os abutres esperavam que sua carne apodrecesse. Maldito dia. Maldito último dia.

O DONO DE UM CAVALO SEM NOME


Acordei confuso...

É uma sensação estranha não lembrar o próprio nome, mas não devo isso a nenhum tipo de amnésia e sim a uma vida de jagunço que desde cedo tirou minha identidade, sou capanga do velho dono desta cidade, assim como meu pai era, mas meu filho não será... O velho joga xadrez com a Morte todas as noites e cedo ou tarde vai ser derrotado, a Morte nunca perde e o desgraçado não deixou herdeiro macho, apenas Maria, a mais linda dama que meus olhos já viram...

Eu e ela passamos a infância juntos, meu pai era o melhor capanga do velho e morreu levando uma bala que tinha o seu nome...

SEXUALIDADE: MERA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA


- A operação foi um sucesso, sen... quero dizer, senhorita.

Três vozes graves disfarçadas de agudas soltaram ao mesmo tempo a mesma interjeição de alegria. Uma delas, porém, era fraca e rouca, sua dona estava depositada sobre uma cama de hospital.

De cada lado do leito erguia-se uma figura exótica. A direita estava àquela conhecida como a Dona da Rua: possuía penetrantes olhos azuis; o cabelo chapeado, a cada movimento de cabeça, acariciava-lhe o corpo como se ali não houvesse atrito; o rosto era redondo, emanava um “quê” de rusticidade ao primeiro olhar, mas logo essa sensação se perdia no interior de praxes delicadas.

NÃO CONSEGUIA MATAR ANJOS


Uma azia o queimava por dentro. Mas ele já estava acostumado. Sentado na velha poltrona em frente à TV desligada. Pensava em como completaria seu serviço, hoje era o prazo final. Ou fazia o que tinha que fazer esta noite, ou perdia a chance de faturar uma boa grana e largar de vez aquela vida medíocre.

Se bem que nada mudaria os seus hábitos, apenas as coisas que sustentavam esse hábitos. Ao invés do conhaque barato comprado no velho boteco ao lado do quarto que alugara, tomaria um wisky importado. Ao invés de ver seus filmes de suspense macabro e violência na sua velha TV, que já não funcionava direito, olharia tudo no mais sofisticado aparelho que existia. E tudo isso no conforto de um belo hotel, em alguma cidade com belas prostitutas.

RÉQUIEM


Conhecido Físico Teórico, PhD... Todas as suas teses, todos os seus sonhos... Tudo resultará em um vazio colossal em sua alma.

Deu-se conta que não descobrirá nada, apenas aprofundará antigas descobertas, nada que qualquer outro boçal não fosse capaz...

Sua vida acadêmica havia terminado, seu prestígio já se fora há alguns anos, o velho Amadeus não podia mais aguentar o fardo de continuar respirando.

Era o final de sua vida, ele sabia e sentia isso, lamentava toda festa que deixou de ir, toda garota que deixou de flertar, toda vida que deixou de aproveitar...

- Já chega! – Gritou consigo.

A AVENTURA DE HANS FALL NA ILHA DAS MULHERES NUAS - PARTE FINAL


“Se essa é a única forma de tomar tão bela ninfa entre os meus braços, então assim será! Prepara-te, Ramirez!”

O olho que restava no mouro quase se soltou do rosto ao ouvir tamanha ameaça. Como seria possível que Hans nem ao menos tivesse ponderado sobre o caso? Certamente a líder daquele séquito de divindades havia jogado um feitiço sobre o marinheiro. Era a única explicação plausível. Não seria possível que Hans Fall, o homem que sempre presidia as orações antes das refeições a bordo, o homem que repreendeu bruscamente certo marujo por zombar da Divina Trindade, o homem que havia desafiado as ordens do capitão para ajudar um marujo moribundo castigado por insubordinação, fosse capaz de tamanha devassidão satânica.