A miscelânea da manhã acordava. De sobressalto, ele despertava
esfregando os olhos grandes e lacrimejantes. Bocejava escancarando a
bocarra matinalmente fétida. Erguia meio tronco, desejando continuar deitado.
Levantava-se de supetão. Acordava novamente com seu dilema doentio. Era
o monstro que era. Não sabia e nem interesse tinha em descobrir como
parar.
A primeira vez que cometera seu ato,
que cedera ao seu desejo nefasto, havia também conjuntamente assumido outro
pecado, sem querer havia assassinado. Nunca fora sua intenção. Ele era lindo.
Rosado. Recém tinha chegado à sua casa. Dividia a velha casa,
herdada da mãe, com a irmã e o cunhado. E por pouco tempo com seu sobrinho
recém nascido.
Esse último, sua vítima. Sentiu
aflora-lhe o desejo que o dominava em pensamentos. No auge de seus 30 anos,
nunca praticara aquela insanidade. Mas o pequeno corpo, quente e sadio,
sorridente e próximo fora sua bancarrota, o primeiro passo para sua tentação.
Tocou as bochechas vermelhas, ele sorriu.
Seu pau latejava de tamanho tesão. E
enquanto alternava entre massagear o ânus e o sexo do pequenino, começa a
enfiar sua cabeça fálica na pequena e doce boca. E assim foi indo. E sem
parar, jorrou pedaços de si no pequeno. Na euforia do gozo, do medo de ser descoberto,
não perceberá que o pequeno se engasgava.
Os minutos foram decisivos, o pedaço de
vida desfaleceu asfixiado. Ninguém descobriu a causa. Jamais suspeitariam dele.
Morreu e pronto. A vida era sempre uma tragédia. A culpa lhe abateu por
instantes, mas pela morte do bebê, não pelo que havia feito.
A segunda vez foi planejada. Mudara de
emprego. Conseguira servir como atendente de um setor de um hospital público.
Era terceirizado, vestia seu uniforme toda manhã, prostrava-se diante de uma
bancada, esperava que viessem lhe pedir informações, fazer registros de
internações e coisas do tipo.
Com o tempo aprendeu a rotina do
hospital, conseguiu contatos e facilidades e acessava muitas portas internas do
branco local. Seu objetivo, nos fica agora bastante claro, a maternidade.
Naquela noite, de plantão, na sorrateira madrugada, lá estava ela. Dessa vez
uma menina. Com cheiro de muita vida. Tocou-a por todas partes. Enfiou seus
grossos dedos penetrando-a duplamente. A pequena ameaçou chorar.
Procedeu então com seu ritual clássico,
o pênis ereto adentrando o céu, a garganta, a língua da pequena jovem. E na
fricção o jato escorrendo. Dessa vez observou, não deixou-se perder-se no
frenesi. Limpou a pequena. E vendo a ali, ainda com vida, o que nunca fora
desejo, tornou a ser. Asfixiou-a. Agora além do sexo, desejava matar as vidas
que recém chegavam por aqui.
Passados dias. Planejando nova
investida. Procurou notícias da menina. A causa da morte, foi dada como
natural. Descobrira também, algo que o impactaria, a pequena era aidética.
Sentiu primeiro um preconceituoso alívio, acreditando ter sido um mártir. Salvou
a jovem de ter uma vida doente. Buscou então salvação no primeiro caso,
justificou que o seu pequeno sobrinho seria infeliz, pois sua irmã e cunhado
viviam uma vida de desgraças, brigas e violências.
Estava assim tentando resignar-se e
justificar seus próximos passos. Buscaria agora indícios de que suas vitimas
teriam um possível futuro desgraçado, e ele as salvaria no seu pecado. Seria um
mártir com as mão sujas. Um anjo com pés no inferno.
Meses depois soube que contraíra AIDS.
Entendeu como um sinal divino. Através de castigos por seus pegados, iria ser
salvo, e morreria sabendo que seu destino era fazer como dizia o antigo e
santificado ditado, "escrever certo por linhas, tortas"...dava a
gloria da eternidade e da paz, pelo pecado.
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