SOCOS, PUNHETA AND LOVE



Odeio quando o gelo derrete e deixa aguado meu uísque ou minha vodca, ainda quando estão misturados com outra coisa. Leio o livro de estrangeiros bêbados e não compreendo como eles conseguem colocar dois dedos d'água no uísque. Não faz sentido. Talvez isso deva ser parte da minha criação a base de cachaça ruim e forte, meu paladar não respeita o álcool saboroso- vinho é a única exceção - , a embriaguez tem que ter raiva, gosto ruim e dissabor, para depois entrar no torpor do sentir prazeroso e do pensar delirante.A velha travessia do herói, ou a messiânica salvação cristã, embutida até no meu porre existencial, trágico. Não sei o que escutar, a primeira arte nem me contempla mais, coloca algo ai. 
Tem certeza da escolha? 
(tocou "All you Need is love) 
_Ela vai repetir umas dez vezes...poupar-me-iam essa repetição se escolhessem uma música clássica orquestrada. Mas não, nunca o fazem. Teu silêncio me irrita. Fala.. 
_ Porque? Porque vai fazer isso?  
O primeiro soco foi no estômago, arqueou-se o infeliz – "tudo que você precisa é de amor" . Bela escolhe ele bradou, bela escolha. A joelhada lançou-o pra trás.  Sangue. Sangue. Que gosto teria esse sangue? Todo sangue é diferente.  Ta sentido? É o gosto da tua derrota. Não sei o que tu fez, não me meto com esses assuntos. Mas quando o cara precisa de mim é porque a coisa foi feia. Até bate-me uma curiosidade, mas o trabalho é assim – Três diretos na cara o nariz já era – precisa de amor - e de cuidados agora. Chutes laterais. Suas costelas doíam, talvez até quebradas podiam estar. Dor e sangue, ao fundo " All you Nedd is love". Uma pequena e inútil reação. Assim eu gosto, bato mais e ainda tenho justificativa. A finalização veio com um gancho de impacto em seu queixo, tombou de vez, arfava e o sangue encharcava o chão.  
Bom, acho que você já sabe o tudo sobre o recado dado. Eu não explico, eu faço. O pé pressionava seu saco. A conta do hotel já ta paga, até amanhã. Isso aqui é um espelunca, mas tem um café bom. Eu vou indo. Um chute de despedida no vazio.  
Entrou no carro. O que ouvir? Nunca sabia. Chegando em casa, seu pequeno aconchegante muquifo. Descalçou-se. Sento na frete da tv, ligou o DVD. Antigo DVD. A fita estava lá já. "Gostosas e Furiosas: Rita Cadillac". Era um cara velho. Abriu a calças tirou o pau pra fora.  Aguardou a cena preferida, ela de quatro. Iniciou o vai e vem.  Por algum motivo sempre depois de uma boa surra, precisa se masturbar. Extravar a emoção contida em cada soco e chute dado. Era um cara com hábitos religiosos. Agora era gozar, caminhar até a geladeira e beber uma cerveja olhando o sol se por.  


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