Então a menina parou e diante dela abriu-se um buraco gigante. Um buraco preto e com pêlos que a sugou num instante. Caindo ela observava o mundo estranho em que se precipitava. De repente a queda cessou. E subitamente ela parou. Seus pés dançavam no nada. A sua frente uma gaiola enferrujada. Onde uma coisa estranha assobiava uma canção medonha.
O animal em questão tinha asas. Coloridas eram essas asas. Seu corpo parecia um pênis enrugado. Muito, mais muito bem circuncidado. Com um grande saco. Um sombreiro vermelho. E um cacho de pentelhos.
O suposto Pênis de asa a olhou. Ah! Ele tinha um olho enorme e gordo. E disse-lhe:
Menina, ouça-me!
Se eu fico muito tempo sem ser acariciado
Não jogo para o mundo meu líquido sagrado
Minhas asas coloridas cócegas me dão
Mas cócegas não satisfazem como uma delicada mão
Enjaulado pela rainha má, que goza um pau de borracha.
Fui há muito proíbido de penetrar uma bela racha
Fe-se um estrondo enorme e a menina ruborizada nem teve tempo de pensar em como reagir, caiu novamente no buraco que se estendia ao que parecia ser o infinito. Ela estava cada vez mais confusa. Sentia sua calcinha melada e seus peitinhos quase perfurando a blusa.
Na caída desgovernada seu vestido levantou-se e ela nem percebeu o que lá alojou-se. Um pequeno verde sapo. Com uma bengala. Tomando chá de guapo. E chupando uma bala. Sentiu uma estranha sensação. O corpo todo entrou em erupção. Seus olhinhos revirados. O cabelo desarrumado. De novo tudo parou.
Agora meio apatetada. Ela olhou ao seu redor. Viu um verde campo. Com lindos pirilampos. Vestidos de fatiota. E uma bela gaivota, que não sabia voar. Era amaldiçoada pela rainha má. A menina pediu então uma explicação:
- Onde estou?Para onde vou? Que lugar é este aqui? Tenho como sair?
Um pirilampo que fumava um charuto e parecia ser de todos o mais astuto. Respondeu-lhe rapidamente:
- Menina, fique quieta. Quer ser descoberta? Amigos do falo com asas são sempre motivo de risadas e boas açoitadas pelos servos da rainha má.
A menina já não entendia. Não era amiga do tal falo com asas. Sua barriga dói. Estava há horas sem comer. Viu um jarro de leito, pensou: “vou beber”. Ao tomar um bom gole sentiu uma queimação. O leite gosmento lhe abriu as portas da percepção...
(Continua...)
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