EDITORIAL – DÉCIMA OITAVA EDIÇÃO

Moscas são atraídas pela putrefação, quem sabe também por um pouco de luz brilhando fraca no fundo do bar onde você fuça no nariz sem perceber que uma linda jovem o observa, talvez a donzela tenha vindo do mundo mágico da perversão, habitado por criaturas fálicas e princesas depravadas que passam a vida sendo eternamente sodomizadas, nunca se sabe, então a estupre!

A Hot retorna do sêmen seco das camas abandonadas e perscruta a linha temporal em busca dos ânus, pênis e vaginas fujonas, esperem edições mensais duplas ou mesmo triplas, as penetrações serão colocadas em dia, sem qualquer misericórdia dos receptáculos. Chegaremos lá com toda a luxúria que nos for possível arrebatar do mar perversão.

MOSCA


Corpo de moça, uma perna largada sobre a outra, o monte do quadril erguendo-se acima da cintura, a minissaia transparecendo a calcinha de corações, a elevação da vagina sob a peça, uns lábios fugindo pelo lado, assaltados e ainda quentes.
           
A manteiga espalhada displicentemente sobre o pão de forma, a menininha alegre sorrindo para o papai, os dentes de propaganda de pasta brilhando em uníssono, a voz alva querendo mais manteiga. Faca indo e vindo, dançando inocente na fatia, esparramando o composto sobre a mesa.

OS MEUS DELÍRIOS DE LINDA


Era uma tarde terrível. Dessas que parecem forjadas a ferro em brasa. O céu erguia-se vermelho intenso. Queimando os fétidos pensamentos das cabeças que existiam por ali. Nada soava belo naquele caminho desesperador. Eu doentiamente queria tudo que estava atrás daquele cenário. Daquela redoma de vidro. Na verdade o tudo que eu queria consistia em apenas uma coisa: Linda. Na verdade, minto. Junto com Linda vinha seu desespero. Sua vergonha. Sua beleza.

Olhava-me. Com doces olhos lacrimejados. Mas que não choram mais. Linda desejava sair dali. Como saindo de um quadro. Um quadro de Dali. Chovia sangue por lá. Os pássaros voavam baixo. Com os olhos alaranjados. Pequenos homens velhos de chapéus (a sodomizavam). Todo dia. Todo dia, pobre Linda!

– VAMOS, SEUS VELHOS RIDÍCULOS. TOQUEM EM MINHA MENINA. NÃO. ASSIM NÃO. MORRAM. DEIXEM MINHA LINDA. NÃO. EU QUE DEVERIA TÊ-LA. BEIJÁ-LA. CHUPÁ-LA. MINHA... MINHA...

CINDERELA NONSENSE


Era uma vez uma menina muito traquinas que vivia no Brooklin, ela passava os dias jogando pedras nas vidraças dos meninos porque eles sempre riam do nome dela; chamava-se Cinderela. Suas irmãs adotivas eram muito boas com ela, mas a menina não se importava, sempre pregava peças nas coitadas, nem a madrasta escapava, apesar de ser a melhor mão substituta de todas.
           
Um dia, um negociante da bolsa de valores promoveu um grande baile em Wall Street, todas as moças bonitas foram convidadas; o magnífico investidor pretendia encontrar uma noiva substituta, pois ele havia perdido a sua em uma aposta com Sean Connery em Las Vegas, sentindo-se, desde então, muito triste e solitário.
           
A família de Cinderela fez uma reunião para decidir se a menininha poderia ir, por consenso absoluto declarou-se que ela receberia o primeiro castigo da vida: não poderia ir. Chorou, berrou, xingou, mas não deu certo, ficou em casa enquanto as outras foram ao baile.

O CAMINHO DA ANGÚSTIA


A VERDADE DO BAR

Entre um copo de cerveja e outro sempre sobra tempo para fumar um cigarro.

Entre um cigarro e outro sempre sobra tempo para tirar alguns tatus e grudar embaixo da mesa.

Entre um tatu e outro sempre sobra tempo para uma garota bonita passar e me ver fuçando no nariz.

A VERDADE DO AMOR

Entre ficar com uma garota e ficar com a outra sempre sobra tempo para encontrar uma namorada.

Entre uma namorada e outra sempre sobra tempo para acabar o namoro e ficar completamente sozinho.

ALICE NO PAÍS DA PERVERSÃO – PARTE V – MEMÓRIAS DE UMA VIAGEM PSYCHOCIBERPUNK


– Aliceeee!!!
– Aliceeeee!!!!
– Aliceeeee!!!!

                                              – Aliceeeee!!!!

– Aliceeeee!!!!

– Aliceeeeeeee!!!

A cabana desaparecera. Ecoava uma voz metálica chamando pela doce Alice. Ela ainda entorpecida pelos prazeres anteriores. O escuro ia se dissipando. A sua frente um homem gigante. Trazia um monóculo dourado. Que parecia scannear a menina.

A voz permanecia. Mas não vinha do homem. Ao seu redor pequenos seres sem pernas e com asas gritavam seu nome. Como querendo tocá-la.

Mas pareciam temer o homem. Este a jogou em suas costas e a levou rapidamente por onde agora se erguia, em meio a uma floresta devastada, restos de máquinas e muita fumaça.

Alice estava confusa, para variar. Mas deixou-se ir sem nem ao menos questionar. Pararam ante um portão marrom, enorme. O homem gritou algum número. O portão abriu-se.

SOBRE HISTÓRIAS E MOSCAS – PRIMEIRA PARTE: O OUTRO ENQUANTO PROBLEMA CONTINGENTE NA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA PESSOAL


Estou com a interface de um software editor de texto aberta diante de meus olhos enquanto escrevo. Esta página branca virtual lentamente sendo preenchida com as letras destas palavras é a única fonte de luz no quarto, assim como a chuva e meus dedos são os únicos provedores da trilha sonora desta trama.

Eram.

Eis que surge uma mosca que, atraída pela fonte de luz, tornou-se uma nova provedora de sons para minha audição. E que péssima provedora de sons uma mosca consegue ser... Intrometendo-se na execução da trilha que eu havia escolhido para este conto.

Eu sou apenas alguém qualquer tentando escrever a própria história e considero a mosca uma dificuldade que surgiu na construção da minha história.

A mosca influenciou tanto o rumo do que escrevo que a altura desta frase a palavra “mosca” já foi digitada 5 vezes.

Consegui.