– Aliceeee!!!
– Aliceeeee!!!!
–
Aliceeeee!!!!
– Aliceeeee!!!!
– Aliceeeeeeee!!!
A cabana desaparecera. Ecoava uma voz metálica chamando pela doce
Alice. Ela ainda entorpecida pelos prazeres anteriores. O escuro ia se
dissipando. A sua frente um homem gigante. Trazia um monóculo dourado. Que
parecia scannear a menina.
A voz permanecia. Mas não vinha do homem. Ao seu redor pequenos seres
sem pernas e com asas gritavam seu nome. Como querendo tocá-la.
Mas pareciam temer o homem. Este a jogou em suas costas e a levou
rapidamente por onde agora se erguia, em meio a uma floresta devastada, restos
de máquinas e muita fumaça.
Alice estava confusa, para variar. Mas deixou-se ir sem nem ao menos
questionar. Pararam ante um portão marrom, enorme. O homem gritou algum número.
O portão abriu-se.
Uma música estranha, mas de certa forma festiva, invadiu o local. O
homem colocou Alice no chão. Seres das mais estranhas formas surgiram. Em meio
ao caos do ambiente.
Borboletas cibernéticas voavam agitadíssimas. Alice olhava agora
contemplando cada detalhe. Subia-lhe debaixo para cima uma euforia descontrolada.
Entrou na dança e deixou-se dançar.
Passava de criatura por criatura. Nenhuma parecia lhe querer mal. Pelo
contrário, de certa forma, pareciam idolatrar-lhe. Foi jogada delicadamente
ante um trono em forma de flor-de-trombeta metalizada.
No alo erguia-se majestosamente. Um ser estranho. Metade mulher.
Metade Uroplatus phantasticus. Como Alice sabia este nome era algo indecifrável
até para ela. Mas ao adentrar naquele mundo parecia ter sido tomada de um
enorme conhecimento sobre quase tudo que ali acontecia e existia.
O ser calmamente olhou-a de cima abaixo. E disse:
– Será que é ela? Será que não?
Surgiu ao lado do ser mesclado, num piscar de olhos, um pequeno duende
com dois chifres reluzentes. Berrando desesperadamente:
– Infeliz. Infeliz. É ela. É ela. Ele é ela.
– Como sabes?
– É como sabes que eu sou eu? – Disse Alice.
– Ora. Mas até tu sabes que tu és tu. – respondeu o duende e
prosseguiu– Foste tu outra coisa saberia que não é que és?
– Deixaste-me confusa com esta pergunta. E além do mais, ando por ora
tão confusa que nem mesmo sei o que sou e o que seria se não fosse o que sou.
Muito posso saber se saberia que seria o que sou caso não fosse o que sou.
– Viu. Eu disse, é ela – Bradou o duende.
Virou-se e olhou para a mulher metade
lagartixa-satânica-cauda-de-folha e gritou:
– Eu sempre sei. E agora pare de bancar a engraçadinha. Saia do meu
trono. E providencie a festa de chegada da minha pequena. Tempos gloriosos
virão. E nosso reino expandir-se-á.
O ser mesclado transformou-se numa borboleta e saiu ordenando coisas
em um vocabulário estranho a todos. Logo o lugar enfeitou-se. E tudo ficou
absolutamente colorido. Bebidas eram servidas em flores de mesmo formato que o
trono metálico.
E desvairadamente todos dançavam. Alice temia, ou desejava, uma nova
orgia inocente. Mas eis que é tomada por negras borboletas que a depositam no
alto do trono.
Lá, desnudo e com risadas estridentes. O pequeno duende a espera.
Alice tem medo. E receia. Ele grita:
– Não temas. Não temas. É o destino, pequena. De nossa união nascerá
aquele que destruirá todo o “mal” para além destes portões.
Disse isso e jogou-se violentamente sobre Alice. No alto do trono, ele
parecia tão maior e ela tão menor. Ela não estava mais gostando da desastrosa
brincadeira.
Mas eis que de repente relâmpagos rasgam os céus. A música se confunde
com estrondos horrorosos. E uma nuvem de rajadas cai por sobre o pequeno reino.
Em cima dela, vestida como uma amazona cibernética, está a mulher mais linda
que Alice havia visto em sua vida.
Bravamente, ela desce destroçando todos que a tentam impedi-la. Para
diante do trono, onde o homem gigante de monóculo a espera de espada em punho.
Trava-se uma luta sangrenta.
Entre gemer de lâminas. Escorrer de sangue. E guizos elétricos. O home
tomba. Habilmente a amazona escala o trono. A essas alturas o duende já fez
virar fumaça. E Alice é mais uma vez levada. Para onde? Fica a incógnita.
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