Sempre fui uma criatura racional. Mesmo
nos momentos mais emotivos mantive o rosto impassível, sem qualquer expressão,
uma verdadeira estátua imune à emotividade barata. Quanto minha mãe morreu,
absolutamente nada. Era mais um no meio da multidão. Quando meu pai morreu,
absolutamente nada. Era mais um no meio da multidão.
Por alguma razão “estranha” nunca fui
acometido por emoções particularmente fortes, salvo uma leve elevação do ritmo
cardíaco, nada mais, talvez para lutar ou fugir, aquela coisa darwiniana padrão
que todos conhecem. Passei por alguns momentos que exigiram certo volume de
sangue nas veias, nada de mais, a frieza pura, o sangue se agitava, mas não o
suficiente.
Eu sempre me senti superior por isso,
dava-me amplitude de raciocínio, controle sobre as ações, sempre foi uma
vantagem, apesar de eu me sentir, não sei, um pouco “mal” com tudo isso. Mal
porque não parecia certo não sentir, ou fingir não sentir, algo em momento
particularmente emotivo. Era como se eu fosse menos humano que o resto dos
humanos.
O primeiro evento que me fez questionar
essa maneira de agir, de pensar, ou não pensar, foi meu primeiro namoro. Era
uma garota mais velha, ficamos juntos por longos anos, ainda não sei bem o
motivo, mas simplesmente aconteceu e simplesmente ficamos juntos, apesar de
todas as atribulações, não muitas na verdade. De um lado era só a minha
indiferença seca, do outro a necessidade feminina e infantil típica por
atenção.
Mesmo com problemas, seguimos. Quando eu
pensava na coisa toda só o sexo vinha à mente. Da minha parte foi isso o que
manteve o relacionamento por tanto tempo, da parte dela, fora a vontade, quase
patologia, de não ficar só. Era uma depressiva, totalmente envolta em conflitos
inexistentes, uma doente. Terminamos. Nunca fui o bom garoto.
Depois vieram outras mulheres, todas com
o seu potencial, todas com os mesmo defeitos típicos. Todas inseguras. Todas
querendo alguém para lhes suprir a necessidade emotiva faltante. Essa coisa das
mulheres de querer alguém que as afague como um cão. Não gosto de cães, mas
gosto de mulheres, ou melhor, gosto do prazer entre pernas delas.
O que fazer? Pensei. Como resolver o
problema? Como conseguir prazer sem as necessidades infantis das mulheres por
atenção? Pensei. A solução veio em certo bar que eu evitara por muito tempo. Um
zoobar. Lá cruzei com rachas úmidas e balidos sinceros.
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