EDITORIAL – SEGUNDA EDIÇÃO!

O que acontece quando sapos eróticos invadem uma cidade? Que desejos ocultos alcançam a liberdade através da LSD? Pode a luxúria ultrapassar as barreiras da morte? As reminiscências da vida têm valor ante as imprecações da realidade? Pode existir amor sem o contato dos corpos? O que o ninfomaníaco esta disposto a fazer para saciar-se?

A Segunda Edição da Hot Fritola responde a essas perguntas com muito bom humor e críticas aos que se sustentam sobre falsas verdades. Aos que podem vir a se sentirem ofendidos com algumas colocações, damos o direito de regurgitarem suas pragas diretamente sobre nossas cabeças.

Regurgite! (comente) ou não, se não achar que vale a pena.

CARTA À COMUNIDADE ESPÍRITA


Aquele cheiro de éter, aquela substância esbranquiçada saindo do nariz, dos olhos, da orelha e da boca do médium, uma emoção indescritível somada a um medo facilmente superado diante da materialização de minha falecida amante, eu estava fascinado diante da chance de reencontrar meu amor.
            
Minha história com ela havia começado anos antes...

Eu não era ninfomaníaco antes de conhecê-la, nunca nos casamos ou namoramos. Simplesmente nos conhecemos em um elevador e começamos a transar antes de trocar qualquer palavra, convidados a nos retirar do prédio pelo segurança, fomos para a minha casa e continuamos transando por horas. Com o passar dos anos, fomos nos conhecendo: não parávamos para comer, transformávamos o ato de nos alimentar em uma orgia alimentícia, nós nos masturbávamos com os alimentos antes de ingeri-los. Eu só parava para trabalhar.

A vida era uma enorme relação amorosa, e era assim que nós gostávamos...

A AVENTURA DE HANS FALL NA ILHA DAS MULHERES NUAS - PARTE I


A água salobra estapeava o rosto do náufrago jogado à beira da praia de areia clara e fina. O som das gaivotas misturava-se ao agradável som emitido pelo vai e vem das bordas do oceano que tentavam, em vão, invadir as terras altas do litoral. Restos de madeira, outrora constituintes duma grande nau, vagueavam soltos à mercê do mar. Um desses fragmentos veio de encontro à cabeça do moribundo estirado ao chão.
            
Apesar de a pancada ter sido assaz poderosa, Hans Fall, o único sobrevivente duma terrível tempestade que tragou a vida de muitos homens, levou algum tempo para despertar plenamente do seu sono repleto de imagens de morte, sofrimento e depravação. Naquele navio, que adormecia nas profundezas abissais do Oceano, repousava um segredo que jamais deveria ser trazido à luz da mente humana: o segredo da Ferida Erótica.

A VINGANÇA DA VELHA GERTRUDES (SAPOS ERÓTICOS)


Dormia tranquila. O sono pesado. Ressonava sozinha no quarto. Os pais dormiam no quarto em frente. Sentiu algo estranho subir-lhe pelas pernas. Achou que sonhava. Um arrepio tomou conta do corpo. Algo diferente acontecia entre suas coxas. Estremecia num misto de surpresa e prazer.

A coisa prosseguia. Com 13 anos de idade, estava tendo seu primeiro orgasmo, embora não fizesse ideia do que era isto. No meio de suas pernas um sapo remexia a língua. Salivava a pequena vulva. Deixava-a molhada. Molhadinha. De baba e prazer. Um sapo verde amarronzado. Um sapo erótico.

Mas a coisa não acontecia só ali. Em cada lar, meninas tinham suas vaginas penetradas por línguas anfíbias. E meninos tinham seus pequenos falos sugados. Os sapos eróticos não se importavam com o gênero. Só desejavam levar os inocentes ao prazer máximo. Era a vingança da velha Gertrudes.

JOVEM


Podemos atribuir este conhecimento ao nosso atual nível tecnológico; percebo enquanto redijo esse texto o quanto, mesmo tratando do assunto, não consigo conter meus impulsos. É como se cada movimento de meu corpo pertencesse, em maior ou menor grau, a mesma ânsia de saciar a busca por esse prazer.

Saber que estou, no fundo, tendo um ato suicida não pode ser o motivo que me leva a gozar de meus vícios, talvez antes, quando a tecnologia da informação não exercia um domínio tão grande sobre nossas vidas poderíamos nos dar ao luxo de nos drogarmos despreocupados.

É inegável que o prazer provocado pela cocaína, álcool, tabaco e demais drogas, se colocados em uma balança não teriam peso contra os males provocados à nossa saúde.

AMO-TE AOS PEDAÇOS


Há quatro meses trocávamos ideias pela internet. Jamais nos tínhamos encontrado pessoalmente, mas ela tinha algo que eu não conseguia descrever, atraía-me como a carniça atrai um abutre. Era sujo, mas ainda assim bonito. Falávamos de coisas grotescas, a atração que ela conservava por cadáveres. Era legista. Mesmo os meus segredos mais imundos, como me masturbar cheirando as calcinhas de minha mãe, eu os contava todos. Não sei, não sei por quê.
            
Ela vivia noutro país: teclávamos em inglês. Seu nome era P... Possuía um lindo par de olhos castanhos e amendoados; sua aparência, contudo, não fugia do padrão do seu povo, mas ainda assim eu vi nela algo que não podia mensurar, explicar; era-me asfixiante. Sentia-me mal se ficasse um só dia sem vê-la pelo webcam ou sem ler os seus textos habilmente redigidos.
            
Vivia com o pai. Único ente da família, juntamente com ela, que havia sobrevivido a um lastimável acidente de avião. Todos tinham morrido quando viajavam para uma grande reunião de família que acontecia todos os anos. A família era rica até então. Quando o inventário foi finalizado, tudo passou para as mãos do homem que vivia com ela hoje. Ele torrou o trabalho de três gerações em bebidas, festas e mulheres. Deixando a própria filha na miséria.

OS LÁBIOS DE MARILYN I


Estava parado no balcão do bar sonhando com o anjo loiro de lábios fartos. Desejava possuir aqueles lábios de todas as formas. Sentir a baba hollywoodiana correr pelo seu corpo. Delirava distante, vendo a pequena pinta facial aproximar-se com luxúria do seu membro rijo. De repente ouve uma voz grave chamando-o de volta à realidade.

- Minha dose de sempre, porra! – gritou Fred, o gaiteiro bêbado.

- Já tá saindo – respondeu, acordando de sobressalto.

Serviu o músico moribundo e voltou aos seus pensamentos. Marilyn. Marilyn. Marilyn. Seu vestido branco balançando ao vento, seus olhos piscando,mordendo seu lábio inferior. Sonho. Sabia que era tudo devaneio da sua cabeça. Um barman sem futuro, que não conseguia conquistar nem a garçonete gorda.

A madrugada se ia e os bêbados deixavam o recinto, ele ia limpando o bar. Arrumando as cadeiras, lavando os copos. Quando viu em cima da mesa um pacotinho.