JOVEM


Podemos atribuir este conhecimento ao nosso atual nível tecnológico; percebo enquanto redijo esse texto o quanto, mesmo tratando do assunto, não consigo conter meus impulsos. É como se cada movimento de meu corpo pertencesse, em maior ou menor grau, a mesma ânsia de saciar a busca por esse prazer.

Saber que estou, no fundo, tendo um ato suicida não pode ser o motivo que me leva a gozar de meus vícios, talvez antes, quando a tecnologia da informação não exercia um domínio tão grande sobre nossas vidas poderíamos nos dar ao luxo de nos drogarmos despreocupados.

É inegável que o prazer provocado pela cocaína, álcool, tabaco e demais drogas, se colocados em uma balança não teriam peso contra os males provocados à nossa saúde.


Mas não existe nenhuma balança de precisão em nosso cérebro com mais ênfase em assuntos que tratam da moral.

Sinto como se a busca pelo prazer comandasse todos os nossos instintos, mas ela parece entrar em contradição quando nos leva a gozar de prazeres suicidas e mesmo quando os efeitos são preocupantes apenas em longo prazo, nos parece imoral gozar deste fruto proibido (mas nunca proibido na prática, ergue-se dominante como instrumento de socialização em todos os encontros).

Napeta Cataria, erva que deixa os felinos entorpecidos, e como eles, também adoramos as reações que as drogas causam ao nosso cérebro...

Tratando-se da busca pelo prazer não há diferença entre masturbação ou o uso de drogas, mas por que diferenciamos sexo desse intento? Até que ponto podemos nos dizer livres para buscar prazer ou escravos de nosso gene?

Ele pausa sua até então frenética escrita e leva sua mão em direção ao copo cheio de whisky, seus dedos longos, magros e enrugados pela tenra idade mal conseguem aguentar o peso do copo e suas unhas de tão amareladas pelo hábito de fumar parecem atravessar o copo transparente, misturando-se com o líquido que é levado até a boca, molhando seus lábios ressecados, ele já estava alto e o calor do gole sobe até sua cabeça, parecendo esquentar suas orelhas ao ouvir:

- Porra, velho broxa! Não pense que por tu não ter conseguido dar nenhuma direito e me ignorar escrevendo nessa máquina velha não vai precisar pagar a noite toda como combinamos!

Grita a jovem puta, nua sobre a cama.

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