OS LÁBIOS DE MARILYN I


Estava parado no balcão do bar sonhando com o anjo loiro de lábios fartos. Desejava possuir aqueles lábios de todas as formas. Sentir a baba hollywoodiana correr pelo seu corpo. Delirava distante, vendo a pequena pinta facial aproximar-se com luxúria do seu membro rijo. De repente ouve uma voz grave chamando-o de volta à realidade.

- Minha dose de sempre, porra! – gritou Fred, o gaiteiro bêbado.

- Já tá saindo – respondeu, acordando de sobressalto.

Serviu o músico moribundo e voltou aos seus pensamentos. Marilyn. Marilyn. Marilyn. Seu vestido branco balançando ao vento, seus olhos piscando,mordendo seu lábio inferior. Sonho. Sabia que era tudo devaneio da sua cabeça. Um barman sem futuro, que não conseguia conquistar nem a garçonete gorda.

A madrugada se ia e os bêbados deixavam o recinto, ele ia limpando o bar. Arrumando as cadeiras, lavando os copos. Quando viu em cima da mesa um pacotinho.


Alguém havia esquecido, mas o bar já estava vazio, só ele, as baratas e os ratos. Resolveu abrir. Dentro do pequeno pacote, uma figurinha: Shiva. Algum bebum havia deixado sobre o balcão, a chave das portas da percepção. LSD.

Instintivamente olhou aos arredores para ver se realmente estava só. E ao concluir tal sentença colocou sob a língua o delirante “papelzinho” mágico. Ficou ali a espera do seu efeito, entre uma ensaboada num copo e um gole de gim. Quando de repente ouviu um barulho a porta. Assustado, temendo ser o patrão, gordo velho e fedendo a pastel gorduroso, olhou com o canto do olho.

O mundo girou rapidamente, suas pernas tremeram. A personificação da beleza invadia o precário bar de esquina. O vestido branco. A boca vermelha. A pequena pinta negra. O cheiro de fêmea tomou conta do ambiente. Ele parado, com o copo ensaboado na mão. Ela continuou, caminhando firme em sua direção. Ele não sabia o que falar. Aliás, não sabia falar inglês. O que ela desejava? Gim, conhaque, cerveja? Não sabia como se portar.

Marilyn parou na frente do barman. Chegou bem perto dele. Colocou a mão sobre os peitos do jovem e foi descendo. Sensual e provocante como só ela sabia ser. Desceu as mãos até o zíper do rapaz. Abriu. Pegou o cacete dele nas delicadas mãos. O membro enrijecendo. As unhas vermelhas, a cabeça vermelha pulsando.  Ela foi se aproximando. Ele em estado de choque. O calor dos lábios de Monroe faziam o pau do barman quase gozar, mas ele se segurava.

Abriu os lábios e engoliu a cabeça. Ficou ali, sugando-o, fazendo-o gemer. Ele estremecia de prazer. Ela alternava a chupeta com movimentos de vai e vem que o faziam ter espasmos. Os olhos revirando. A pinta e os cabelos loiros se deliciando com o líquido do macho. Nesse momento ele sentiu algo estranho. Prazeroso, porém estranho. A sucção aumentara. E o seu falo sumia na boca de Marilyn.

Porém a coisa se estendeu. O falo penetrou a garganta e sumiu sem voltar. E junto com ele o seu ventre começou a desaparecer. Em instantes de segundos ele se viu totalmente sugado pelos lábios carnudos, desejo de sua volúpia. Estava em outro mundo. Um lugar de paredes encarnadas. Com sofá, almofadas e cortinas igualmente encarnados.

Um lugar que cheirava a sexo, whisky e cigarro. Num canto, sentado num sofá com duas mulheres de cada lado, estava ninguém menos, ninguém mais que Elvis. Sim, ele, o roqueiro que sabia mexer as cadeiras fantasticamente. No outro canto caído no chão Richard Burton com uma garrafa de vodka na mão. Antes que pudesse falar com as celebridades, duas loiras se aproximam dele. A mesma pinta, os mesmos lábios, o mesmo calor.

Seu desejo saciado com supremacia. Duas bocas quentes e úmidas. Enquanto uns lábios sugavam seu membro ele sugava os outros lábios, numa sucessão de sexo oral. Sua cabeça rodopiando sem saber até onde aquilo era delírio ou realidade. Sem saber o até onde poderia ir. Sabendo que o final estava distante, mas esta era outra história.

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