EDITORIAL - TERCEIRA EDIÇÃO!

Os inocentes também pecam. Complexo de Édipo e necrofilia num ambiente aterrador. "A desgraça" de um marinheiro. Olho por vagina. Os contratempos de um mágico desastrado. Azar, sorte e escolhas. Destinos marcados por luxúria, imoralidade e depravação.

Assuntos sempre presentes nas linhas desgraçadas da Hot Fritola.

Bon Appetit!

UM DIA DE BUKOWSKI


-Adorei o seu livro!

O quarto era pequeno e mal arrumado, um lixo.

-É o melhor que eu já li na minha vida.

Fomos até ali para fazer não sei o quê, a bebida estava acabando.

-De onde você tira tanta criatividade?

Estávamos num restaurante antes, a loira resolveu que queria mais privacidade para puxar o meu saco. Já estava doendo.

-A-D-O-R-E-I-O-S-E-U L-I-V-R-O!

-Ele é uma merda.

-O.O!

-Sim, uma merda.

-...

-Por isso chama tanto a atenção, porque a merda que tem na minha cabeça exala por toda a cidade, o fedor entra na cabeça de vácuo dos idiotas que infestam as ruas e a justiça com sua falsa moralidade. Toda essa merda foi usada como tinta no meu livro...

-...

-... peguei-a diretamente da minha cabeça de merda.

O GOZO DO MÁGICO


Sentado no balcão de um bar. Tomando um conhaque, pitando um cigarro qualquer. Confuso e com medo do próximo segundo. Sempre esperando algo catastrófico acontecer. O olhar cabisbaixo, com medo de si mesmo.

O gorro marrom, velho e desbotado sobre a cabeleira castanha e desgrenhada. O sobretudo negro com alguns fios descosidos. Uma imagem decadente que em nada parecia com o ser que dominava platéias com seus truques inacreditáveis.

Roni, o mágico. Sofria com o seu dom. Não era um mágico qualquer. Fora dos palcos, era atormentado pela magia que se escapava da sua mão, boca, orelha... Coisas sumiam, pessoas flutuavam e coelhos surgiam saltitantes.

MEDALHA DE HONRA


Eu estava perdido em meio aquele turbilhão de acontecimentos... Minha mente já não conseguia pensar, não comera nada a cerca de dois dias, tudo o que eu tomava era a água da chuva misturada ao sangue podre dos corpos que estavam sobre mim, o cheiro pútrido já não me incomodava mais, sequer conseguia senti-lo frente ao cadáver de minha mãe apodrecendo diante de mim.

Ao sinal do menor movimento eu trancava a respiração, fingia-me de morto, tudo que eu queria era vingança.

A AVENTURA DE HANS FALL NA ILHA DAS MULHERES NUAS - PARTE II


Hans adormeceu por longa data. Sempre que estava prestes a recobrar a consciência, as mulheres ministravam certo narcótico, extraído das matas da ilha isolada onde viviam, para que continuasse imerso nas suas quimeras pecaminosas. As amazonas divertiam-se imensamente assistindo o pobre rato do Mar debatendo-se como se com medo de algo ou movendo o quadril ritmadamente como se tivesse acima de si uma mulher. Noutras berrava como louco, parecia tentar fugir de alguém, nesses momentos protegia a genital com afinco, o que obrigava as rudimentares enfermeiras a fazerem o possível para que o paciente não pusesse todo o tratamento a perder.

Certo dia, o sol, ainda risonho e sarcástico, acordou-o novamente, como havia feito meses antes numa praia daquela estranha ilha. Meio tonto, Hans se levantou. O ambiente que o cercava era agora mais agradável que a casa daquela pobre moça que encontrara seu fim nas presas dum monstro sem coração. O local era bastante espaçoso, tapeçarias pendiam das paredes, que agora eram de alvenaria; diferente de antes, estava ele agora assentado sobre uma cama onde poderiam caber dez pessoas, era absurdamente aconchegante.

PINÓQUIO, O BOM MENINO!


O velho Gepeto tentava e tentava trepar e não conseguia. Há tempos seu pau não subia. E cada vez mais se distanciava da virilidade. A fama de broxa espalhou-se pela cidade e nenhuma mulher queria dar para ele. Além de ineficiente era gordo, feio e tinha pouco dinheiro.

Resolveu então criar uma boneca. Uma linda boneca, com feições infantis. Ela era de madeira revestida de tecido e esponja, com orifícios em lugares específicos. Ao final da confecção o velho foi experimentar o brinquedo. Mas não conseguiu fazer nada, o falo ficava mole na sua mão.

Então se lembrou de outro boneco com feições bem humanas. O boneco de madeira lembrava um menino, e Gepeto sem compreender ficou excitado.

PRESUMISSE


- Importa-se se eu fumar?

- Não se eu puder fumar também.

- Sua mãe sabe que você fuma?

- Não.

- Então ela vai ficar sabendo.

- Antes tarde do que nunca.

- (risos) Que idade você tem mesmo?