Fiz tudo da forma que deveria. Não me importei muito com as consequências, fui lá e fiz; uma, duas, três vezes. Pra mim sempre foi fácil entender o comportamento humano, pois tal ser sempre foi escravo da cupidez e da fantasia, basta entender que eles vão morrer em 25.000 dias e que a única coisa que buscam é a reprodução.
Todo o
fervor da mente Homo sapiens acaba em gemidos e suor, toda a poesia e
música e todas essas coisas julgadas belas terminam em dois corpos
friccionando-se um no outro, sujos com a imundice terrena pela busca por
rebentos, encartidos por fluídos corpóreos malditos e fétidos. Todos padecem
desse mal, desse vício asqueroso que derruba o homem no limbo da sujeira moral.
A
simplicidade das coisas como são se manifesta no dolto tanto quando no ignaro;
um ou outro geme, as vezes só, as vezes com alguém ou alguma coisa... Um pênis
entra ali e aqui, sai cagado ou molhado, mas só recua pra avançar novamente,
sempre rumo ao inútil e primitivo orgasmo.
Entro no
circo, refestelo-me no gozo do vulgo mais por necessidade primitiva do que
busca cognitiva, mas esta também me chama, aprecio observar o parceiro ou
parceira da noite em pleno gozo de suas faculdades besteais, sinto-me tal como
Deus vendo pessoas outrara eloquentes debatentes reduzidos a bichos, a máquinas
programadas pra mover-se sempre em busca do suprassumo da vida distorcida e
desgraçada que todos cismam em mater viva.
Sou
obrigado a rebaixar-me, não pelos outros, mas por mim mesmo, pois ninguém me
controla (ou serão os mais livres os mais presos?), obrigo-me a sair na noite,
a fingir gostar desse ou daquele, a dissimular alegria quando imerso na
tristeza, a gemer na cama quando preferia o silêncio, a mudar minhas palavras
para não subcomunicar despreso (coisa por mim conservado a respeito de tudo que
ao meu redor existe).
Mas o que
faço eu pra mudar a natureza "do que seja aquilo" que me esfola a
alma? Nada, choro... Tenho que ir em breve me encontrar com a minha namorada,
tenho que em breve introduzir meu punhado de carne cilindrica na piscina de
volúpia dela, tenho que cumprir meu papel nessa coisa inútil chamada sociedade:
- Okay,
meu bem. Vem! Vem! Certo, certo... Agora baixa a cabeça... Isso ai... Vai
devagar, sem dentada, a papinha tá pronta... Já pode comer, meu bebê, a marca é
Pseudo Freedom Society!
Dito
isso, iniciei os trabalhos. Enquanto estava com a minha menina, pensei:
Vivia num poço
Seu nome era Ela
Comia mato e fuligem
NÃO queria sair
Gostava de dormIr
Depois de tossIr
Sempre a sorrIr
Sempre a sorrIr
Continue assim
A alegria está por vIr..
Basta o mato bramIr
A terra rugIr
E deus existIr
Ir! Ir!
Será que podemos coexistir?
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