PUNHETINHA- ESBOÇOS DOS VELHOS TEMPOS À ERA TECNOLÓGICA


Então um certo barbudo disse que os homens perfeitos deveriam entender e querer atingir algo para além da realidade. Nós deveríamos desejar esta perfeição. E embora nunca fosse possível alcançá-la, ainda assim deveríamos nos aproximar. Isto para sermos recompensados num mundo perfeito. Havia outro que concordava com quase tudo. Ou pelo menos dava a entender coisa parecida. No entanto havia uma grande diferença. Este último acreditava que este modo de agir deveria se dar desta forma porque assim é o certo, aqui e agora.
            
Bom, todavia eu discordo. Acho que discordo. Gosto mesmo é de me masturbar toda manhã. Basta isto para me sentir completo e perfeito. O resto é o resto. Todo dia quando acordo me masturbo. Ali mesmo, na cama. Olho para cima. Imagino algo que me excita e pronto. Um dia desses divago por escrito sobre estes pensamentos.

Mas vamos ao ponto que quero chegar. A MASTURBAÇÂO no século XXI.
            
A masturbação, acima de tudo, é ou deveria ser um exercício máximo da imaginação humana. Todo o corpo sendo movido pela mente criativa. Lindo. Porém o que vemos hoje são jovens cada vez mais afoitos. Ejaculação precoce. Meninas que não conhecem o corpo e nunca tiveram orgasmo. Tudo isso é culpa da tecnologia, da internet e seus infinitos “bites”.

Vou explicar melhor. Primeiro vamos ao início. Lá nos primórdios. No tempo das cavernas. Os rabiscos nas paredes muitas vezes indicam um homem se masturbando. As vezes solitário.As vezes olhando outros fazendo sexo. Naquele tempo usava-se a imaginação ou tornava a masturbação parte do ato sexual. Sábios trogloditas.
            
No Egito a masturbação era natural, inclusive a feminina. Muitas mulheres eram enterradas com um objeto fálico de cerâmica, que provavelmente introduziam em suas vaginas. Na Grécia, os greguinhos, sempre evoluídos sexualmente, praticavam a masturbação a vontade. Provavelmente usavam muita imaginação. Há relatos que em alguns encontros de homens velhos (algo muito comum nesta época) havia quem se masturbava enquanto filosofava sobre as coisas da vida.
            
Na Índia a coisa era um pouco diferente nos tempos remotos, embora agora ainda seja. A ideia era que o esperma seria uma espécie de suco da vida. Ele mantinha o homem vivo e ficar expelindo ele a torto e direito era prejudicial. Mas os indianos não eram bobos e inventaram o “sexo tântrico” e a “masturbação tântrica”. Isso sim. Um excelente exercício de imaginação.     
            
Mas a coisa ficou feia. Veio a idade média e seus preconceitos ordinários. A masturbação foi condenada. Um tal de Aquino a consagrou como um pecado maior que o incesto. Creio que era enrabado por algum jovem familiar que o trocou sapientemente pela masturbação. Neste período um Papa decretou que a masturbação era o “Pecado Secreto", ou algo assim.
            
Um canastrão metido a médico e cientista, aproveitando a onda e a ignorância das pessoas, publicou um livro onde dizia que  a masturbação era um atentado à natureza e prejudicial à saúde. Dizia isto e propunha possuir os remédios e as técnicas de cura.
            
Buenas. Para o bem de todos saímos das trevas. Alguns pensadores repensaram o conceito de masturbação e libertaram-na das masmorras da hipocrisia. Depois o famoso Freud, o cara que astutamente sempre explica através da sexualidade, corroborou para desmistificar as fantasias negativas em torno da masturbação. E cá estamos nós.
           
É claro que ainda nos dias de hoje há quem cultive os “tabus masturbatórios”, mas são poucos.
           
Vamos falar agora da inspiração. Nos tempos de meu velho avô chegaram as bancas e suas revisas pornográficas. Mulheres nuas. Historinhas em quadrinhos. Fotonovelas eróticas. Exercitava-lhe a leitura e a arte enquanto se masturbava.
           
Depois a coisa mudou. A TV estava acessível. E chegamos a nossa geração. Qual jovem nascido nos fins dos anos 80 ao chegar a puberdade não passou madrugadas de sábados em casa assistindo Cine Band Prive? Quem não se lembra da Emanuelle e seus inúmeros filmes temáticos? Pois é! Éramos felizes. Poderia relatar aqui o enredo de algum filme da diva, pois embora sempre esperássemos o clímax sexual ainda assim muitos, e eu me incluo neste grupo, acompanhavam a história.
           
Bom o fato é que esta forma de inspiração provavelmente nos proporcionou uma técnica de manter-se mais tempo excitado e controlar o gozo. Esperávamos a hora de ver os corpos se tocando. Ainda tínhamos que aguentar os comerciais. Isso sem falar que as cenas não eram tão explicitas. Imaginávamos. Controlávamos. Conhecíamos o nosso corpo. Tínhamos que gozar com Emanuelle, e aquela devassa vivia gozando.    
           
Então veio a internet e quando ela se popularizou a pornografia rompeu fronteiras. Tínhamos acesso a imagens, vídeos e por ai vai. Vou me ater aos vídeos. Vilões e mocinhos. No início os vídeos vieram para contribuir. A internet acessível era lenta. Lenta mesmo, jovens leitores. Os companheiros que viveram neste tempo sabem do que eu falo. Carregar um vídeo era um processo quase equivalente a uma meditação zen budista.
           
Ficávamos lá esperando as imagens aparecerem. Geralmente carregava-se parte por parte. E tínhamos que nos controlar. Começávamos o exercício e o vídeo parava de carregar. Então se esperava até a próxima cena ser carregada. Várias técnicas foram desenvolvidas. Havia quem carregava mais de um vídeo, mas isso às vezes era pior, pois deixava o processo mais lento.    
           
Também os mais "cultos" abriam sites de contos pornográficos e liam enquanto esperavam a barrinha vermelha prosseguir seu caminho. Alguns retomavam o início do vídeo frequentemente e mantinham um ritimo lento e esperançoso, esperando o "Gran Finalle".
           
O fato, torno a dizer, é que fazíamos da masturbação um ritual. E isso certamente muito contribuiu para nosso desenvolvimento sexual.
           
E então chego ao problema de fato. A MASTURBAÇÃO no séc. XXI.
           
A coisa toda mudou. Carregam-se vídeos em segundos. Pode se ir direto ao ato consumado, ou a cena que mais excita num piscar de olhos. A fricção é feita em segundos e o suco da vida expelido rudemente. É triste ver que isto só tende a piorar.
           
Seria isto evolução? Talvez uma forma para copular mais rápido. Para fecundar mais mulheres e manter a raça humana na face da terra?
           
Se for isto, então se esqueceram de avisar nossas mulheres. Elas ainda querem todo o processo. Desde preliminares até o ato consumado e se possível após ele. E tudo isso no rítimo certo. Cada cadência com a sua precisão. Cada mulher com o seu desejo.
           
Perdeu-se a essência da masturbação. Acabou a magia. Triste e assustador. Entramos numa era em que somos condicionados inteiramente pelos meios de comunicação. Aquilo que veio a ser um passo à frente. Um alvorecer da liberdade. Um abrir de portas mundial. Um abraço virtual coletivo. Ficou só no virtual mesmo.
           
Devido a estes fatores resolvi por escrever o "Elogio à Masturbação". Em próximas edições prosseguirei divagando sobre o quão importante é a masturbação para um processo evolutivo intelectual, cultural e, é claro, sexual para o mundo.

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