Desde pequena sempre fora meio depravada. Os ursinhos não usava (todos
pandas de pelúcia) para apertar e brincar, e sim para satisfazer-se
sexualmente. Aqueles com as linguinhas de fora eram os que mais se divertiam...
As bonequinhas? Essas passavam dia e noite em orgias intermináveis enquanto
seus namoradinhos bonequinhos sodomizavam uns aos outros como só os bons
pederastas sabem fazer. O termo "rosofilia" fora criado por causa
dela, pois sentia um estranho prazer sádico em introduzir hastes de rosas em
sua Fritola enquanto apreciava o célico aroma das pétalas escarlate tomando
suas narinas.
A mãe sempre achou estranho aqueles hábitos, mas na época estava
preocupa com outros assuntos: como os recorrentes problemas de funcionamento do
Reator de Energia Geonúclea instalado no interior da Terra; o destino da última
árvore em cativeiro; o preço das bolsas na próxima liquidação; as variações no
câmbio intertemporal e o que fazer para o jantar. Nada demais, afinal, desde a
invenção do estado e dos institutos modeladores de cérebros (escolas), os pais
não precisavam mais se preocupar em cuidar dos filhos.
Apesar de devassa, a menininha tinha imenso asco por uma praxe social
particularmente praticada por políticos, caminhoneiros, donas de casa,
corretores da bolsa de valores, padres, presidentes, lixeiros, burocratas,
engenheiros de toda espécie, estudantes, monges zen budistas, escritores,
narradores, nadadores, policiais, operários, divindades e todo o resto de
coisas que os seres humanos gostavam de chamar de profissões (inventaram
várias, apesar de poucas serem úteis): era a poligamia por trás dos panos. A poligamia
existia há muito tempo, tanto que os panos ainda não haviam sido inventados.
Por isso os humanos criaram a monogamia.
A pratica surgiu porque a luxúria humana tornou-se tão grande que não se
sabia mais de quem era o rebento-humano-miniatura, vulgo bebê, que escapava por
entre as pernas da humano-mulher. Aqui me vejo obrigado a parar e explicar o
estranho processo de reprodução do Homo NO sapiens (hoje sabemos ser
essa a designação mais acertada, sendo que se esses Homos fossem de fato
Sapiens teriam descoberto que o crescimento exponencial dos seus índices
de desenvolvimento de capital não significavam o mesmo para o planeta onde
viviam; hoje um mero punhado de poeira cósmica solta no espaço), era assim:
Um exemplar humano do tipo feminino entrava num lugar escuro, barulhento
e entulhado de monóxido de carbono, encostava-se a uma parede e aguardava que
um exemplar homem a abordasse, era comum que carregasse consigo um recipiente
derivado do petróleo, o qual se chamava copo descartável, cheio de C2H6O.
Entende-se por descartável "jogar o objeto em algum ponto do planeta
afastado da caverna comunitária", ou cidade. O líquido propriamente dito
servia para torná-los mais sociáveis, pois os seres humanos não conservavam o
hábito da amabilidade, preferiam usar uns aos outros somente para satisfazer
seus caprichos. O contrato chamado casamento era uma forma institucionalizada
dessa prática: o homem usava a mulher e em troca ela usufruía de certo objeto
de plástico. O cartão de crédito.
Depois de trocarem sorrisos e falsas palavras, os seres humanos tocavam
suas línguas repetidamente em sinal de concordância. Faziam promessas de amor
eterno (coisa descabida, dado que morriam em menos de 25x103 dias),
promessas de felicidade inabalável (coisa também descabida, dado que sua
sociedade era fundamentada no trabalho; coisa de veras primitiva e abolida em
qualquer parte do U(Mul)n(t)iverso que queira ser chamada de civilizada) e
aceitação dos termos impostos pela monogamia, ou Redução do Espaço de Atuação
do Homo NO sapiens do Tipo Homem.
Um contrato de monogamia padrão ditava os seguintes termos (em boa parte
proferida por um terceiro. A desconfiança mútua entre os seres humanos era
tanta que eles necessitavam de outrem para fazer cumprir a promessas feitas no
local descrito acima, que por sinal chamavam boîte).
- Mulher, aceita tornar-se vassala sexual deste homem, assim como negar abrir as pernas a outros, para com isso evitar ser chamada vadia, pois às mulheres não é dado o direito pleno da satisfação sexual, posto que o mundo é machista e governado por leis baseadas em falsa moral?
- Mulher, aceita tornar-se vassala sexual deste homem, assim como negar abrir as pernas a outros, para com isso evitar ser chamada vadia, pois às mulheres não é dado o direito pleno da satisfação sexual, posto que o mundo é machista e governado por leis baseadas em falsa moral?
Em geral respondia sim.
- Homem, aceitar tornar-se mantenedor desta mulher para com ela procriar além da conta e entulhar de mais seres humanos o nosso já entulhado planeta, além de virar um velho barrigudo com os mesmo defeitos do seu pai, trabalhar para manter de pé a pirâmide social fajuta e educar seus filhos para serem máquinas fissuradas em produzir lixo para uma sociedade de consumo predatória, analfabeta, hipócrita e doente?
- Homem, aceitar tornar-se mantenedor desta mulher para com ela procriar além da conta e entulhar de mais seres humanos o nosso já entulhado planeta, além de virar um velho barrigudo com os mesmo defeitos do seu pai, trabalhar para manter de pé a pirâmide social fajuta e educar seus filhos para serem máquinas fissuradas em produzir lixo para uma sociedade de consumo predatória, analfabeta, hipócrita e doente?
Em geral respondia sim, mas só depois de refletir por alguns minutos,
checar as linhas pequenas do contrato e tomar uma ou duas doses de C2H6O.
Nossa menininha cresceu cercada pelos estranhos hábitos sociais
descritos acima. Vivendo em tamanho mar de contrassensos e falsas concepções,
era natural que adquirisse certa nóias e elaborasse teorias estranhas sobre
como as coisas deveriam ser. Os namoradinhos que teve (foram muitos, pois
nenhum era capaz de saciá-la sexualmente) bem sabiam que seus órgãos genitais
poderiam ir parar na Parede das Lamentações caso quebrassem o contrato de
monogamia, o que não era difícil, dado que ela considerava como traição atos
como: cumprimentar mulheres; olhá-las por mais de 0,5 segundo (eram proibidos
de usar óculos escuros); visitar mãe ou vó; dentre outros itens de uma lista
que totalizava 3.456.325 motivos para perder o pênis.
Foi um fenômeno natural e esperado que ela acabasse sem ninguém.
Lamentava-se noite e dia por não ser mais penetrada, passava seus lamuriosos
momentos de solidão roçando nos milhões de falos que tinha pendurado em sua
Parede ao longo de décadas de depravação e luxúria, mas nenhum deles
satisfazia-a, pois viviam flácidos e tristonhos por terem sido separados de
seus donos. Quando a Terra foi pelos ares, a depressão sexual tornou-se quase insuportável!
Ela (por sinal seu nome era Nerula, homenagem do pai a uma striper com
magníficas habilidades orais) formou uma gangue de assaltantes de asteroides.
Logo se tornou conhecida por seus assaltos e a maneira esdrúxula com a qual os
finalizava: sempre com uma orgia macabra imersa em sangue e prazer sádico.
Mas o que lhe garantiu fama através das tramas do espaço-tempo contínuo
(apesar de interrompidos em certos trechos) foi o ousado golpe militar cósmico
impetrado por conta de um final de semana tedioso (e também por causa de uma
crise de TPM). Em pouco tempo a guarda real do presidente do universo foi
rendida, logo todos estavam sendo submetidos a uma tortura-sexual-macabra
enquanto a agora autointitulada Rainha Intergaláctica do Universo Conhecido,
Desconhecido e a Vir a Ser Conhecido roçava seu clitóris desgastado imaginando
um pênis longo e volumoso penetrando-a vigorosamente e sem perdão.
Só não sabia ela que lá no longínquo cometa Halley um estorvalho, um
pirombo, um bráulio, um trojemba, um jeriludo, um pichota, um jeba, um
estrumelho, um pênis Suspirava de prazer somente ante sua presença e que seu
dono estava mais que disposto a encontrá-la e a penetrá-la, mesmo que para isso
a própria existência do Universo fosse posta em risco.
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