A RAINHA INTERGALÁTICA - PARTE II - A ÚLTIMA VAGINA DO UNIVERSO


Desde pequena sempre fora meio depravada. Os ursinhos não usava (todos pandas de pelúcia) para apertar e brincar, e sim para satisfazer-se sexualmente. Aqueles com as linguinhas de fora eram os que mais se divertiam... As bonequinhas? Essas passavam dia e noite em orgias intermináveis enquanto seus namoradinhos bonequinhos sodomizavam uns aos outros como só os bons pederastas sabem fazer. O termo "rosofilia" fora criado por causa dela, pois sentia um estranho prazer sádico em introduzir hastes de rosas em sua Fritola enquanto apreciava o célico aroma das pétalas escarlate tomando suas narinas.

A mãe sempre achou estranho aqueles hábitos, mas na época estava preocupa com outros assuntos: como os recorrentes problemas de funcionamento do Reator de Energia Geonúclea instalado no interior da Terra; o destino da última árvore em cativeiro; o preço das bolsas na próxima liquidação; as variações no câmbio intertemporal e o que fazer para o jantar. Nada demais, afinal, desde a invenção do estado e dos institutos modeladores de cérebros (escolas), os pais não precisavam mais se preocupar em cuidar dos filhos.


Apesar de devassa, a menininha tinha imenso asco por uma praxe social particularmente praticada por políticos, caminhoneiros, donas de casa, corretores da bolsa de valores, padres, presidentes, lixeiros, burocratas, engenheiros de toda espécie, estudantes, monges zen budistas, escritores, narradores, nadadores, policiais, operários, divindades e todo o resto de coisas que os seres humanos gostavam de chamar de profissões (inventaram várias, apesar de poucas serem úteis): era a poligamia por trás dos panos. A poligamia existia há muito tempo, tanto que os panos ainda não haviam sido inventados. Por isso os humanos criaram a monogamia.

A pratica surgiu porque a luxúria humana tornou-se tão grande que não se sabia mais de quem era o rebento-humano-miniatura, vulgo bebê, que escapava por entre as pernas da humano-mulher. Aqui me vejo obrigado a parar e explicar o estranho processo de reprodução do Homo NO sapiens (hoje sabemos ser essa a designação mais acertada, sendo que se esses Homos fossem de fato Sapiens teriam descoberto que o crescimento exponencial dos seus índices de desenvolvimento de capital não significavam o mesmo para o planeta onde viviam; hoje um mero punhado de poeira cósmica solta no espaço), era assim:


Um exemplar humano do tipo feminino entrava num lugar escuro, barulhento e entulhado de monóxido de carbono, encostava-se a uma parede e aguardava que um exemplar homem a abordasse, era comum que carregasse consigo um recipiente derivado do petróleo, o qual se chamava copo descartável, cheio de C2H6O. Entende-se por descartável "jogar o objeto em algum ponto do planeta afastado da caverna comunitária", ou cidade. O líquido propriamente dito servia para torná-los mais sociáveis, pois os seres humanos não conservavam o hábito da amabilidade, preferiam usar uns aos outros somente para satisfazer seus caprichos. O contrato chamado casamento era uma forma institucionalizada dessa prática: o homem usava a mulher e em troca ela usufruía de certo objeto de plástico. O cartão de crédito.

Depois de trocarem sorrisos e falsas palavras, os seres humanos tocavam suas línguas repetidamente em sinal de concordância. Faziam promessas de amor eterno (coisa descabida, dado que morriam em menos de 25x103 dias), promessas de felicidade inabalável (coisa também descabida, dado que sua sociedade era fundamentada no trabalho; coisa de veras primitiva e abolida em qualquer parte do U(Mul)n(t)iverso que queira ser chamada de civilizada) e aceitação dos termos impostos pela monogamia, ou Redução do Espaço de Atuação do Homo NO sapiens do Tipo Homem.

Um contrato de monogamia padrão ditava os seguintes termos (em boa parte proferida por um terceiro. A desconfiança mútua entre os seres humanos era tanta que eles necessitavam de outrem para fazer cumprir a promessas feitas no local descrito acima, que por sinal chamavam boîte).

- Mulher, aceita tornar-se vassala sexual deste homem, assim como negar abrir as pernas a outros, para com isso evitar ser chamada vadia, pois às mulheres não é dado o direito pleno da satisfação sexual, posto que o mundo é machista e governado por leis baseadas em falsa moral?

Em geral respondia sim.

- Homem, aceitar tornar-se mantenedor desta mulher para com ela procriar além da conta e entulhar de mais seres humanos o nosso já entulhado planeta, além de virar um velho barrigudo com os mesmo defeitos do seu pai, trabalhar para manter de pé a pirâmide social fajuta e educar seus filhos para serem máquinas fissuradas em produzir lixo para uma sociedade de consumo predatória, analfabeta, hipócrita e doente?

Em geral respondia sim, mas só depois de refletir por alguns minutos, checar as linhas pequenas do contrato e tomar uma ou duas doses de C2H6O.

Nossa menininha cresceu cercada pelos estranhos hábitos sociais descritos acima. Vivendo em tamanho mar de contrassensos e falsas concepções, era natural que adquirisse certa nóias e elaborasse teorias estranhas sobre como as coisas deveriam ser. Os namoradinhos que teve (foram muitos, pois nenhum era capaz de saciá-la sexualmente) bem sabiam que seus órgãos genitais poderiam ir parar na Parede das Lamentações caso quebrassem o contrato de monogamia, o que não era difícil, dado que ela considerava como traição atos como: cumprimentar mulheres; olhá-las por mais de 0,5 segundo (eram proibidos de usar óculos escuros); visitar mãe ou vó; dentre outros itens de uma lista que totalizava 3.456.325 motivos para perder o pênis.

Foi um fenômeno natural e esperado que ela acabasse sem ninguém. Lamentava-se noite e dia por não ser mais penetrada, passava seus lamuriosos momentos de solidão roçando nos milhões de falos que tinha pendurado em sua Parede ao longo de décadas de depravação e luxúria, mas nenhum deles satisfazia-a, pois viviam flácidos e tristonhos por terem sido separados de seus donos. Quando a Terra foi pelos ares, a depressão sexual tornou-se quase insuportável! Ela (por sinal seu nome era Nerula, homenagem do pai a uma striper com magníficas habilidades orais) formou uma gangue de assaltantes de asteroides. Logo se tornou conhecida por seus assaltos e a maneira esdrúxula com a qual os finalizava: sempre com uma orgia macabra imersa em sangue e prazer sádico.

Mas o que lhe garantiu fama através das tramas do espaço-tempo contínuo (apesar de interrompidos em certos trechos) foi o ousado golpe militar cósmico impetrado por conta de um final de semana tedioso (e também por causa de uma crise de TPM). Em pouco tempo a guarda real do presidente do universo foi rendida, logo todos estavam sendo submetidos a uma tortura-sexual-macabra enquanto a agora autointitulada Rainha Intergaláctica do Universo Conhecido, Desconhecido e a Vir a Ser Conhecido roçava seu clitóris desgastado imaginando um pênis longo e volumoso penetrando-a vigorosamente e sem perdão.

Só não sabia ela que lá no longínquo cometa Halley um estorvalho, um pirombo, um bráulio, um trojemba, um jeriludo, um pichota, um jeba, um estrumelho, um pênis Suspirava de prazer somente ante sua presença e que seu dono estava mais que disposto a encontrá-la e a penetrá-la, mesmo que para isso a própria existência do Universo fosse posta em risco.

Termina em “A Rainha Intergaláctico – Parte Final – A Última Transa do Universo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário