MAIS MASTURBAÇÃO E PENSAMENTOS IMPERFEITOS


Nas divagações melancólicas e vazias, e ai ressalvamos que mesmo que a melancolia implicasse em alguma coisa, nesse caso, era nada, era leve e se dissolvia no ar, e por vezes era sólida e pesava sem pesar.

E o ser, oriundo das incertezas do nada, permanecia estático ceifando-se a própria vida, numa torpe embriaguez não alcoólica, apenas contemplativa.

E havia uma coisa que fazia pulsar sangue em suas entranhas secas:  sexo.  Mas não pagava por sexo, nem se aventurava mais em corridas e competições atrás de tal prazer mundano, saciava-se frequentemente consigo mesmo. A melindrosa, satisfatória, egocêntrica, simples e magnífica Masturbação.

Ditos e não ditos, era só isso que fazia sua existência, por gosto, na terra, outras feitas eram só de praxe e necessidade. Fosse como fosse, nada o incomodava, desde que existisse um friccional movimento de vai e vem de sua mão, e um intervalo desejado por si mesmo entre o movimento e o gozo. Demorado, rápido, violento, pacífico, bom ou ruim.

Passava seu tempo nessa angústia de existir, e sempre alternando punheta e pensamentos imperfeitos, se possível fosse seria vivo dentro daquele subterrâneo, fazendo, sim, referência à fictícia vida inventada pelo velho doído Dostoievski.

Nem mais o sexo por si só o satisfazia tanto. Mesmo quando belas moças deitavam em sua cama. E o veneravam de tal forma, sexual e verbalmente, que qualquer bom mortal gozaria em instantes. Ainda assim, ele precisaria finalizar-se masturbando-se, olhando a gentil e sinuosa criatura que se fazia nua a sua frente.

E tudo isso não tinha relações com qualquer opção de sua sexualidade, tentou imaginar-se com outros sexos: com animais, seres do além, e mortos e deformados. Qualquer um, qualquer coisa, qualquer situação, gozaria apenas masturbando-se.

Só seu toque em si mesmo dava o prazer final, um niilismo gozado, um gozo egocêntrico, quase um prazer fascista.

O peso do século o fazia assim, e era assim que se satisfazia e ainda acreditava na sua existência. Mesmo que ele apenas fosse prazer, entre seu pênis e sua mão.

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