EDITORIAL - OITAVA EDIÇÃO!

Uma fritola é o bastante para tornar o homem um ser ávido por sexo, quando a mulher vem com duas, nem mesmo um local público é o suficiente para segurar a ânsia por prazer, que pode ser despertada mesmo por seres de outra espécie, sábios apreciadores do mel feminino. Mas nem sempre a relação acontece a seco, um quarto barato de motel decorado com uma camisinha usada jogada num canto pode despertar certos questionamentos inúteis que se resumem sempre ao príncipio da vida: sexo. Coisa tão forte que pode tornar a relva do mundo o ninho dum casal libidinoso que, certamente, não sabe o X da Questão.

Se quiser entender o que se passou ai em cima, leia os contos aqui embaixo, enfie o dedo na garganta, talvez o conteúdo do seu estômago nos dê algumas ideias.

O X DA QUESTÃO - II


Algumas pesquisas a mais, acabou se deparando com o endereço de um grupo que parecia entender bem do assunto e não demorou até ir ao seu encontro. Sala escura, cinco rapazes e as duas moças, reunidos no sótão de uma velha casa caindo aos pedaços. Diversas pinturas curiosas feitas sobre as madeiras que forravam o ambiente iluminado por velas.

- Tem certeza de que isso vai me ajudar a encontrar uma resposta? – disse.

- Certamente, o ritual jamais falha.

O GOZO DA APICULTORA


Anabela era bela. Virgem. A imaculada da pequena cidade. Mal sabiam os concidadãos as depravações que passavam por aquela “inocente” mente.

Anabela tinha o diabo no corpo. Sabia disso e não fazia questão de tirar. Gostava da ideia de queimar no fogo do inferno, enrabada pelo encapetado.  

O diabo devia ter um pau maior pensava ela. Mas não era o membro masculino que mais fazia Anabela ter tesão.  Ela se masturbava ouvindo o zumbido das abelhas. 

Seu pai era apicultor, Anabela aprendera com ele tudo sobre essas criaturas. E com o tempo, por razões desconhecidas, começou a sentir um desejo sexual pelas abelhas.

PORRA DE FILÓSOFO

 

- Gosto de fumar depois de uma foda, me sinto num filme de Holywood.

- Sério? Interessante...

O suor estava no ar, a camisinha gozada no chão, o casal numa cama de motel.

- Que tu faz mesmo?

- Sou filósofo.

A face dela contorceu-se, como se a sua cabecinha de puta tentasse puxar do rosto a resposta à pergunta que por lá corria solta: Que porra um filósofo faz?

- Você deve estar se perguntando: Que porra um filósofo faz?

LEMBRA-SE?



Já é tarde. A luz da lua penetra pela janela junto à brisa, envolvendo, entre sombras, meu corpo nu. Uma vela acesa, trêmula, reflete a imagem de garrafas vazias e papéis sobre uma mesa velha. Cá estou. Desejo febril. Meu corpo transpira pelos poros memórias gravadas no âmago. Meus cabelos, bagunçados, levemente movimentados por essa brisa, caem sobre meus ombros, e além, numa tentativa tímida de ocultar aquilo que a natureza não considera obsceno. Caminho descalça por entre os tacos que revestem o chão dessa cabana que oculta meus segredos, enquanto a penumbra faz aparecer na parede as curvas de meu corpo, num movimento suave como o balançar das árvores. Recosto-me na janela, onde meus ombros refletem a alvidez do luar, imitando-a e captando do astro lembranças ocultadas pelo silêncio da noite.

RACHA NA PERNA


Estava no ônibus. Gosto de andar de ônibus pela cidade. Fico pensando na vida, e chego à conclusão nenhuma. É reconfortante. Fico vendo os tipos que sobem e descem do expresso. Velhos, crianças, jovens, adultos.  Pessoas feias. Pessoas bonitas. Apressadas. Tranquilas. Estranhas de mais. Normais de mais.

Rostos e mais rostos. Mentes e mais mentes. Eu fico imaginando o que se passa dentro da gosma gelatinosa de suas cabeças. Mas não sei direito nem o que se passa na minha. E sigo assim de ponto em ponto.

Mas numa dessas andanças, tive o desprazer de pegar o ônibus muito lotado. Odeio isso. Gosto de ficar sentado num canto observando tudo. Mas já estava lá dentro e iria pagar para ver. Senhores, talvez tenha sido a decisão mais acertada de minha vida. O que vou relatar agora; creio que ninguém mais tenha visto.

MORCEGONA


Sou só uma adolescente estúpida. O duro dessa droga é saber que sou estúpida. Conservo todas as fantasias universais das menininhas “rockers”: idolatro os ídolos do Rock; acho cabeludos drogados o máximo; visto-me como uma mamífera voadora e penso ser imune ao Tempo. Na verdade já passei dos quarenta e tento de todas as maneiras voltar aos velhos tempos...

Hoje resolvi me enfiar num antro de jovens, uma festinha de Rock entupida com bandas com vocalistas que não sabem nem a própria língua e se aventuram em cantar noutro idioma. Bem... Eu sempre acabo me conformando com esses detalhes, afinal, o meu objetivo é um mancebo cabeludo. Seja como for, a bebida sempre acaba por esconder os defeitos, por isso busco sempre os que têm um copo na mão.