Ora,
ora! O que queres por aqui? Nós sabemos o que queremos - escarrar verborragias
gosmentas sobre seus miolos. Com muita satisfação. O que desejas? Um cu, com ou
sem acento? Cú? Mas cuidado, de lá sai muita coisa. Gases. E merda.
Falando nisso, não esqueça de fertilizar seu jardim. Da escrotidão nascem
coisas maravilhosas. O mundo das ideias rasteja na lama dos restos
infecundados. A arte, por essas bandas, jorra, brota, da podridão. E por aí, do
lado de lá? Do outro lado? O que faz gozar? Qual a arte que brota do seu corpo,
do seu prazer ou da sua podridão? Pararei com as perguntas. Pare também de se
perguntar. Mergulhe nas linhas abaixo. Lambuze-se na lama. E esqueçam de salvar
a alma.
HOJE É UM DIA
“Hoje é um dia, ou hoje é o dia, talvez o dia que me faz pensar naqueles
outros dias, quando eu simplesmente vivia os dias, sem deixar os dias
dissiparem os próprios dias, que se iam consumindo sem ver os dias que
vinham após dias, seguindo mansos e bravos em direção de mais dias... Só
que não tem mais dias, e os dias não consomem outros dias e não se
pode esperar mais dia algum, pois de dias morreu o espera por aquele dia.”
Pensei em mandar esse poema para ela, contudo, pareceu-me muito
redundante, o que para um poema não deveria ser estranho, afinal, eles
redundam, faz parte da sua natureza. Contudo, não era a natureza que eu
buscava, não poderia sê-la, a natureza havia reduzido o que éramos ao nada
que agora somos: dois depravados buscando orgasmos pelo webcam.
A ideia inicial fora dela, queria exibir os novos movimentos que tinha
aprendido nas aulas de dança do ventre. Com o véu negro em mãos, disse, do
outro lado do estado, para eu imaginar que aquele pano era as minhas mãos.
Tencionou-o para em seguida friccioná-lo sensualmente por entre as pernas
volumosas, o tecido foi e veio com delicadeza voraz por entre os lábios rosadas
da vagina inundada de prazer.
A MALDIÇÃO DA LAMBIDA
A borrasca fazia-se terrível. Raios. Relâmpagos e trovões. Cheiros dos
mais variados pairando no ar. O negror da noite encobrindo céus e terras.
E as palavras proferidas. Maldições esbaforidas. O eco se dava em todas as
línguas. Mortas. Extintas. Ou vivas.
‒ Tudo que eu lambo é meu! Tudo que eu lambo é meu! Tudo que eu lambo é meu!
Fez-se assim a língua profana. Tudo que ele lambia era dele. Profecia
sagaz. Talvez. Lambeu palácios de ouro, reis e rainhas. Lambeu cu e buceta
e pau. E foi se adornando do mundo. Senhor de tudo que sua língua podia
tocar.
Evitava, porém, as bocas, as outras línguas. A falha da magia da
profecia. Uma língua lambida tornava-se dele, e tudo que ela lambia seria,
por sua vez, seu. No entanto, lamber não era beijar. O beijo era o ponto
de desgraça de tudo.
CU DE FETO É POESIA
Já o copo nem encho muito, o líquido nele pouco verte, pois sei que logo
esbarro e mancho o chão com vidro borrado de roxo, e sem pensar em nada mais
que nada à mente voa a filosofia do avô enterrado: cu de feto é
apertado, e quem escreve poema poeta nem sempre é. E ao lado o dobro de ovos que
tenho no escroto, todos cozidos e cuspindo cheiro acre no ar, do lado de cá o
meu estômago vomitando gazes pelo reto e eu pensando naquilo, naquela ânus que
não foi meu.
Conhecia-a através de um amigo, um sujeito com madeixas afinadas e
crises de melancolia infanto-juvenis que afastavam dele os poucos adultos
tolerantes da cidade. Naquela noite zumbizava eu nas teias do sistema quando
uma mensagem qualquer me esmurrou o rosto, desprovido de vontade,
disse sim, e pouco depois lá eu estava, já em segundos discutindo com a
menina, e aquelas madeixas afinadas e afinadas baloiçando cá e lá.
FILOSOFIA, QUE MERDA É ESSA?
Minha vida, como fede
Cheiro sólido e branco
Manchado de sangue verde
não sei o que é
nem sei quem sou
sempre errado, sempre errado
Perdido encontro-me
nos labirintos de meu odor
atrás de mim um rosto de merda
em minha frente só a paz da morte
não sou o melhor nem o pior
sobre tanto aspectos falho
deveria ficar contente
quando nado esgoto?
UM DEVANEIO ESCATOLÓGICO
‒ Um passo adiante! Bradou alto o homem grande a minha frente, usava um
uniforme verde alguma coisa, esteticamente deplorável e ridículo, na minha
humilde concepção. Fui-me. Sonolento. Ressacado. No bolso da casaca, um pequena
garrafa contendo um pouco de vodka barata. Meu olhar era melancólico,
absorto e patético. Não queria nada. Nem confrontar aquele ser hediondo.
‒ Seu mariquinhas, vai aprender a ser homem.
Apático, envolvido em minhas sinapses escatológicas e nonsense’s, eu com nada me importava. Talvez, um pequeno incômodo com a saliva que daquela bocarra. Pensava eu: já estou com saudades de empinar a garrafa, balançar o leque e pensar sobre coisas irreais. E criar teorias new-ciber-punk sobre a nossa existência humana.
Mas a guerra aproximava-se. Eles queriam meus membros jovens e minha mente. Essa última seria difícil de conquistar, tendo em vista que eu mesmo dela perdia-me.
Nesse instante algo bizarro aconteceu. Meu pênis saiu de mim. Transfigurou-se.
DAS BOSTAS FLORESÇAM FLORES
Eu tenho bruxismo.
Meus caninos já não tem pontas.
Nunca tenho vontade de sair de casa.
Jamais trocaria o conforto e a solidão de meu quarto por qualquer convívio social.
Mas não tenho esta escolha.
Sinto-me condicionado em todos os momentos.
Penso ao menos uma vez ao dia em o quanto seria bom morrer para não decepcionar ninguém com meu futuro.
Não tenho coragem de me matar porque sei que isso causaria sofrimento aos meus pais, não sou egoísta a ponto de priorizar o meu prazer em detrimento da dor dos outros.
Mas é claro para mim o quanto a agonia de viver faz com que eu só consiga associar prazer ao pensar em minha morte.
Sou um fumante compulsivo, eu fumo pelo câncer, fumar para mim é um suicídio disfarçado.
Sou viciado em todos as drogas que uma vez provei, busco-as como válvula de escape, mas que nunca é suficiente.
Às vezes tenho coceiras sem alergias, acredito que sejam psicomáticas, reflexos do meu desejo de autoflagelação.
EDITORIAL – VIGÉSIMA SEGUNDA EDIÇÃO!
Bebendo nas veias do
desespero humano a Hot surge, mais uma vez, regurgitando em seus
rostos as podridões e as belezas do nosso vago existir. Quem é
você? Hein? Responda ou gozarei em sua mente. Suas depravações
apavoram seus pensamentos? A culpa despejada em sua cabeça pela
falsa pureza do mundo em que existe lhe causa insônia? Sentes
desejos obscuros, perversos e devassos...mas ainda assim ama? Coloque
para fora todo câncer ideológico adquirido nesses anos de
existência, gozando. Homem. Mulher. Transexual. Cachorro. Cadela.
Cisne Negro. Goze. A “vida de cão” chega para todos. Mas não se
desespere, antes deguste os contos Hotfritolianos.
OLHOS DE POE
A lágrima é a materialização do sentimento, ela só não verte quente,
verte livre e verdadeira, e em seu trajeto perde o calor extraído das entranhas
da alma, fenece fria sobre os rostos mortos das fotos destruídas após deslizar
doce pela face rasgada e contorcida pelas expressões puras do espírito, do som
da vida que se exprime em soluços, pelas rugas explosivas que vem e vão,
emulando a ressaca do mar que avança tão somente para recuar e tornar e
investir, inútil em sua torrente arrasadora.Quem perde a habilidade de vertê-las, perde também o poder de apreciar e
exprimir o sentimento verdadeiro, a humanidade desses desafortunados regride,
são mais próximos de outro tipo de homem, um ser instintivo e violento,
manipulador, mentiroso, uma emulação de humano que é identificada quando sua
apatia tonar-se perturbadora até para si mesmo, de um modo que não consegue
entender, de uma forma que lhe preenche algo que nunca esteve lá, mas que
anseia por um emoção explosiva e destrutiva.
VIDA DE CÃO
“Esse
cheiro!
MEU
DEUS!!!! ESSE CHEIRO!
CADÊ?!
CADÊ!? ONDE?!
Tá
lá!!”
Corre.
Corre. Corre. -RRrrr!!!
É
Minha filho da puta, eu que vou comer ela, seu filho de uma cadela!
Rrrr!!
Tá,
vai então... Mas depois sou eu!
“Minha
vez, minha vez, minha vez, yeah!”
Fode.
Fode.
Fode.
Goza.
TRANSMUTAÇÃO - AMOR E FÚRIA
Morava eu num
pequeno cômodo de um simplório apartamento suburbano de quinta
categoria. Mas ali residia também uma mulher de beleza rara, dessas
que, pelo menos a mim, fazem explodir o coração e querer vender a
alma ao diabo para tocar-lhe os lábios uma única e inocente vez.
Essa esvoaçante e
devastadora beleza rendia-me desperdiçadas e ardorosas horas de
masturbação. Já não tinha muito afazeres além do trabalho
necessário e da alimentação , restando o resto de meu tempo há
uma dedicação servil à beleza desta que era bela em demasia.
Eis que, certa
noite, escuto barulhos oriundo do quarto ao lado. Lá onde residia o
ser luxurioso de meus devaneios. O som ressonava pelo prédio
inteiro. Um singular e rasgado gemido. O que atiçou ainda mais minha
mundana imaginação.
Estagnado. Ouvindo
a deliciosa canção ninfética. Fui surpreendido. Atravessando a
parede sólida do meu atordoante quarto ela se fez presente. Lá.
Bela. Vestindo uma fina camisola. Deixando transparecer toda sua
beleza que eu apenas fazia existir em minha mente. E suas curvas se
faziam ainda mais aterradoramente divinas.
DIVAGAÇÕES DA VIDA MUNDANA
A
mulher é mera propriedade, dela não se extrai nada além de um
falso orgasmo. COm um pouco de esforõ pode-se obter a verdade, mas
gereal pensar-se-à ser real aquilo que não é porque o homem não
consegue perceber a falsidade feminina, assim acaba caindo na
fantasia transulido prazer univoco.
Semrep tive isso em
mente, nunca considerei as mulheres algo muito sério, não passam de
meros objetos de prazer. Com os meus amigos, por exemplo, nunca levei
em consideração as namoradas, para mim a opinão delas era
irrelevange, claro que enconcrei alguns problemas, coisas socias
insignificanfes, nada que uma garrafa de bira não pudesse resolver.
Pensando em todas as
mulheres que eu tibve em toda a vida, cheguei à conclusão que
somente fiquei com elas por intesses escusos. Uma me pagava tudo,
outro era boa no sexo oral, e a coisa ia por ai. Talvez um pouco de
amor aqui e ali, mas para mim o amor era um orgâo masculino
introduzido num feminino, a velha tensão. Então como eu podia
gostar tando daquele sexo oral?
Minha história com
sexo oral começou ainda na infância, nem falo daquela besteira
freudiana de fase oral, falo de algo mais corncreto: minha mãe
chupando meu pai na lavanderia Achavam que eu estava na casa da minha
vó, acabei levando uma surra pro ver o que não deveria.
QUEM É VOCÊ?
Quem
é você? Quem você é realmente? Que perguntas você deve se fazer
para ter uma resposta? Primeiro pense em que universo você vive. Ou
acha que pode saber quem é você, se sequer sabe em que universo se
encontra? Aqui você pode acreditar na Física ou em alguma
explicação teológica. Mas cuidado! Tentar conciliar Albert
Einstein com São Thomas de Aquino vai gerar muitas contradições.
Agora que você sabe em que universo você vive (ou acredita viver),
chegou a hora de questionar em que lugar do universo você está.
Talvez você acredite estar em um lugar muito privilegiado, onde o
Sol, a Lua, os errantes e todas as estrelas giram em torno de você
ou talvez você insista acreditando na Ciência Física e então você
está em um pálido ponto azul que é um pequeno planeta orbitando
uma pequena estrela em uma pequena galáxia. Agora que já sabe em
que universo você está e já sabe em que lugar você está neste
universo, chegou a hora de questionar que tipo de coisa é você.
Aqui pode continuar agarrado em São Thomas de Aquino e acreditar que
é um animal racional e cheio de privilégios, mas caso tenha
escolhido Einstein lá em cima, agora é altamente recomendado se
abraçar em Charles Darwin.
Supondo
que aceite a teoria da evolução das espécies, você é só mais um
animal com certas vantagens evolutivas, como modificar a natureza
pelo seu trabalho e a linguagem proposicional, tais vantagens foram
moldadas pelas contingências da seleção natural, sem nenhum
princípio teleológico, e você e toda sua espécie são tão
evoluídos quanto as baratas, afinal, humanos e baratas tem se
perpetuado.
EXCERTOS DE UM DIÁRIO – E O SEXO...
Não fossem meus
devaneios estranhos e depravados minha gente já estaria pifada, mais
do que já está.
Em outro excerto
citava a alma, nesse cito a mente. O que isso significa? Não muita
coisa relevante. Diz que meu pensamento às diferencia. Não,
necessariamente, considerando a existência de mente e alma como
substâncias que nos compõe, pois aí me enrolaria definindo
substância. Mas sim no que diz respeito a nomenclaturas que definem
sentimentos, ações e desejos do existir.
Mas meu diário não
se encanta em ficar nas elucubrações filosóficas detalhadas,
monótonas se sérias, engraçadas se desprovidas de compromissos com
a verdade, ou qualquer outra coisa do tipo. Tenho que destroçar
minha realidade, meus feitos e minhas fantasias numa forma harmoniosa
de pensar em alegrar-me e satisfazer a outros, e vice-versa.
EDITORIAL – VIGÊSIMA PRIMEIRA EDIÇÃO!
Trabalhe, transe e morra! Só não se esqueça de se masturbar pelo
caminho, da bruma ensangue no olho coroado, dos gozos postergados de quarta-feira,
e nem da fantasia acalentada. Sem o vácuo do passado, sem o fogo do presente,
sem a luz que se projeta no horizonte, a noite desce e irriga os sexos, que
afloram de verdades submersas paridas das frustrações do fim, tão somente para
afundar na superfície da vida simulada.
MAIS MASTURBAÇÃO E PENSAMENTOS IMPERFEITOS
Nas divagações melancólicas e vazias, e ai ressalvamos que mesmo que a melancolia implicasse em alguma coisa, nesse caso, era nada, era leve e se dissolvia no ar, e por vezes era sólida e pesava sem pesar.
E o ser, oriundo das incertezas do nada, permanecia estático
ceifando-se a própria vida, numa torpe embriaguez não alcoólica, apenas
contemplativa.
E havia uma coisa que fazia pulsar sangue em suas entranhas
secas: sexo. Mas não pagava por sexo, nem se aventurava
mais em corridas e competições atrás de tal prazer mundano, saciava-se
frequentemente consigo mesmo. A melindrosa, satisfatória, egocêntrica, simples
e magnífica Masturbação.
Ditos e não ditos, era só isso que fazia sua existência, por gosto, na
terra, outras feitas eram só de praxe e necessidade. Fosse como fosse, nada o
incomodava, desde que existisse um friccional movimento de vai e vem de sua
mão, e um intervalo desejado por si mesmo entre o movimento e o gozo. Demorado,
rápido, violento, pacífico, bom ou ruim.
TRIÂNGULO DE 90º
O primeiro tapa saltou-se com a mão direita, de
luvas, aberto e fechado, n’outra mão eu segurava com firmeza uma garrafa de
vinho, não queria largar aquilo, realmente não queria, eu sabia que no momento
em que ela saísse do anelo dos meus dedos, aquela esquerda ciumenta iria pular
enraivecida, em frenesi completo, no rosto macio dela, dali para frente seria
somente selvageria, aquela coisa qualquer que mantemos presa por uma corrente
de racionalidade, que alimentamos de frustração, problemas familiares, passado
oculto, restos de fast food e
ex-namoradas.
Eu sabia que era assim, havia
passado por isso com um trio escurecido numa noite caucasiana. Daquela vez não
era vinho, e sim conhaque, meia garrafa de Dreyer, na época em que essa bebida podia
ser comprada. Os mosqueteiros da coabe cercaram-me, exigiram meu sangue, não
quis dá-lo, não larguei aquela maldita garrafa, quase que senti minha mão sendo
partido pelo vidro apertado com animosidade, eu sabia que não podia largar a
garrafa, ou tudo iria virar selvageria, mais alimento pra’quele ser cercado de
comida.
O AMANTE E A PUTA
Que seios deliciosos!” – repito freneticamente em meus pensamentos. É como se eu pudesse vê-los...
Desço as escadas e caminho até a frente do prédio, ascendo mais um cigarro. Lá em cima já está tudo pronto, coloquei o colchão no chão, preparei uma música adequada... Um velho abajur, coberto por um pano verde, compõe a iluminação do quarto.
Olho novamente para o celular, são 17 horas. A chance de encontrá-la vai das 17 às 18h. É o período em que ela pode escapar do marido sem levantar suspeitas. Deslizo meu lábios pelos seus seios, chupo seus mamilos como se deles emanasse o néctar da vida eterna, desço deslizando meus lábios até sua cintura com pequenas mordidas e vislumbro o éden depilado... E o cigarro acaba de queimar meus dedos, eu estava perdido em mais um devaneio. Aperto meu pau sobre a calça.
17h20min. Ascendo mais um cigarro, reparo que estou tenso. Ela não é a única garota com a qual transo, na verdade não posso reclamar de minha vida sexual, mas com ela é diferente, com ela é ardente. Ela é casada, gosta do marido e nós mal temos contato, apenas às vezes, nas quartas, das 17 às 18, ela me liga avisando
que virá e eu sei como devo recebê-la.
EXCERTOS DE UM DIÁRIO – MINH’ALMA JOVEM E VELHA
Não fosse essa vontade ferrenha de chupar um grelinho, minh'alma estaria mais morta do que já está.
Salva-me? É isso que eu pedia a todas as mulheres que
fizeram sexo comigo, nem todas, eu exagero, algumas eram estritamente sexo. Mas
é o que eu peço sempre que faço sexo. Quando me masturbo é o que eu peço a
minha imaginação: salva-me.
A fumaça do palheiro arde em meus olhos. Os gatos me
olham e não dizem nada. E eu digo salvem-me! Mas os gatos não dizem nada. Mas me
salvam parados com a sua beleza contemplativa. E a fumaça salva. E, no dia da
ressaca, o café salva. E alguém me dá um copo de vinho. Um copo, apenas um, não
me salvará.
Rabisco desenhos na parede. Isso me salva. E penso em masturbar-me.
Mas não encontro um vídeo que sirva às minhas vontades sexuais. E deixo a
masturbação para outro dia. Talvez amanhã.
No tilintar da aurora, vai-se indo o sol. E eu penso:
Hasta sol! E ele sorri desavergonhadamente e ofende-me com uma palavra
qualquer. E fico na esperança de que chegue logo o outro dia e que acabe logo,
tão rápido quanto chegue.
FANTASIA DA SINGULARIDADE
As pessoas aproximam-se pala similaridade, aquela
conversa que alguns e algumas gostam de vomitar, aquela coisa sobre “gostar de
pessoas estranhas ou peculiares ou excêntricas”, isso é outra fantasia, ou
melhor, outro reboco de hipocrisia morta e apodrecida; todos fogem do que não é
igual, daquilo que transpira diferença, se assim não fosse, todos andariam
abraçados com aqueles tipos estranhos que vêm pedir cigarros na rua, ou
beijariam as velhas sujas que mergulham nos contêineres de lixo das cidades urinadas.
Afinal, do que serve querer o que não é diferente? Absolutamente nada,
do que serve alguém que é igual a mim? O estranhamento é o prazer máximo, o
estranhamento ativa os “locis
transcendentais da alma”, sem o estranhamento, acabamos por transar com nós
mesmos. Todavia, a similaridade, a fantasia enlatada em seres programados para
a imitação, grita e estoura os ouvidos com sua voz esganiçada, e nós ouvimo-la
sempre e nós repetimos sempre: “sou diferente”; “sou estranho”. Porque a
singularidade também reina.
BRASILEIREI
Gozei. Virei. Dormi.
Acordei. Levantei. Tomei.
Distraí. Atrasei. Corri.
Cheguei. Trabalhei. Trabalhei.
Comi. Trabalhei. Obedeci.
EDITORIAL – VIGÉSIMA EDIÇÃO
A bucetinha proibida, ela sempre vaguei dançante sobre nossos falos,
mas será real? Não seria somente um processo programado rumo ao ideal social?
Ou será que isso não passa dum eterno retorno infatigável que zomba de nossa
existência tênue e sempre ansiosa pelo fim sempre adiado? Na dúvida, tire-lhe a
calcinha! Use-a! Atravesse-a com vigor e goze nas suas costas logo após a
massagem extra-ancestral almejada nos recantos sujos da mente vingativa.
HOT 20! Leia-a ou prepare-se para perder seu órgão genital!
ANIMAL
Sempre fui uma criatura racional. Mesmo
nos momentos mais emotivos mantive o rosto impassível, sem qualquer expressão,
uma verdadeira estátua imune à emotividade barata. Quanto minha mãe morreu,
absolutamente nada. Era mais um no meio da multidão. Quando meu pai morreu,
absolutamente nada. Era mais um no meio da multidão.
Por alguma razão “estranha” nunca fui
acometido por emoções particularmente fortes, salvo uma leve elevação do ritmo
cardíaco, nada mais, talvez para lutar ou fugir, aquela coisa darwiniana padrão
que todos conhecem. Passei por alguns momentos que exigiram certo volume de
sangue nas veias, nada de mais, a frieza pura, o sangue se agitava, mas não o
suficiente.
Eu sempre me senti superior por isso,
dava-me amplitude de raciocínio, controle sobre as ações, sempre foi uma
vantagem, apesar de eu me sentir, não sei, um pouco “mal” com tudo isso. Mal
porque não parecia certo não sentir, ou fingir não sentir, algo em momento
particularmente emotivo. Era como se eu fosse menos humano que o resto dos
humanos.
ETERNO RETORNO
Acabo de chegar em casa, estou assustado. Finalmente
encontrei um sentido para minha vida, em uma epifania que me
proporcionou um conhecimento inefável!
Agora tenho uma decisão tomada: vou viver este
conhecimento! Vou sair de casa e vivê-lo até a morte e mesmo assim
minha vida será plena!
Volto a sair de casa, agora com a decisão tomada:
esta seria minha última desventura, última agrura, último feito.
Completar-me-ia.
Prometi morrer antes de o Sol nascer, mas pra isso
eu precisava fazer acontecer.
Fazer acontecer agora significa mais do que apenas a
vida viver: significa modificá-la, fazer dos momentos vividos uma
arte na memória, tais quais as artes penduradas sobre paredes
amareladas, “fazer acontecer” significa viver algo para pendurar
e embelezar a memória.
Mas o que eu poderia viver? As horas avançavam, já
havia perdido tempo demais de minha vida navegando na internet, vendo
pornografia enquanto me masturbava e lendo os mesmos textos
repetidos, mas ainda não havia pensado em meu grande desfecho, um
Grand Finale digno de meu C’est Fini.
Acendo outro cigarro e mais uma noite acaba, amanhã
será outro dia e poderei tentar novamente.
Volto a sair de casa com a decisão tomada: esta
seria minha última aventura, última agrura, meu último fato.
Prometi novamente que morreria antes de o Sol
nascer, mas pra isso eu precisava ter Gana de Viver.
Ter Gana de Viver para mim significa mais do que
apenas a vida viver: significa ter vontade, fazer dos momentos
vividos uma história para contar, que daquela noite se pudesse
compor uma Ópera, “Gana de Viver” significa virar página de
livro...
MEA CUPIS
Ela estava ali. Bucetinha molhadinha
Me disseram: Vai lá e come.
Eu disse: Vamô
com calma.
Depois disso, deus fez-se o mundo. Eu perdi a
virgindade.
E eu corri, DEUSINHO, como eu corri.
Foi entre cores e sons. Minha maldição padeceu.
Foi um dedo, depois dois. Depois um troço meio
marrom, cabeça vermelha.
Eu gozei.
Há!
Assim faz-se a vida. Indo e indo. E vai e vem.
CALCINHA
Sorrisinho sacana, aquela leve mexida de cabeça acompanhada do
cafajeste estreitar de olhos. Ela sabia que as coisas voltariam a ser como
antes, ao menos naquele momento. Mais um fio de esperança na trama intrincada
daquele relacionamento apodrecido.
- Uau! Quer fazer isso mesmo?!
Quase uma década. A boate cheirando a mijo e decorada com faces torpes
e ansiosas por algo qualquer e excitante nem mais existia, eram só um casal de
quase trinta anos engolido pelas noites loucas e inconsequentes, no buraco onde
estavam todas as ilusões da juventude irresponsável já se perdiam na realidade
do mundo do trabalho. Ao menos as dela.
- Você é depravado! Eu devo estar com o cara errado!
GÊNESIS
Terceiro dia
A coisa trabalho termina seus efeitos
sobre meus processos de software, qual será o próximo programa que executarei?
Olho
para as coisas a minha volta, aquilo que possuo: eis o que sou. No núcleo de
meu sistema operacional há gravado “ser é ter” e assim
sou aquilo que tenho.
Minhas
retinas vasculham um novo processo para executar, vejo uma carteira de cigarros
sobre a mesa. Outros chamariam de vontade,
mas não passa de mais um software sendo executado e eu sei disso.
A MASSAGEM EXTRA-ANCESTRAL
Ardia
uma tarde quente em cima do velho barco. Nos olhos de mais de meio século
ardiam esperanças. Canales ansiava por chegar em terra. Deixava sua prole, a
mulher que não mais amava e histórias estranhas na sua expátria, Venezuela.
A chegada em terra era apenas
passo pequeno. Uma longa viagem o esperava. Para atravessar o vasto território
das matas belas dos trópicos e das praias ensolaradas até os verdejantes campos
do sul.
Mera ilusão. Mero olhar
despreparado. Entrava ele na fornalha. Passaria pelas fumaças. E continuaria
entre prédios antigos e novos. Gigantes indústrias. Vacas, frangos e porcos
confinados. Mas talvez isso não interferisse no seu sonho.
Depois das pequenas náuseas no
barco velho. O desembarque desesperado. A caminhada ofegante, engolindo terra
seca. Sufocando em restos de fumaça de carvão. No caminho a salvação vinda de
um jipe. Velho jipe, velho homem dirigindo.
Prosseguiram viagem. As conversas
curtas. Indagações e pequenas constatações do clima e da vida. Desembarcou num
vilarejo pequeno. Alguns bares e pousadas. Descansou numa dessas de qualidade
duvidosa, mas de valor pequeno a se pagar. Na noite que se aproximava foi pro
bar.
Um desses bares de madeiras.
Cachaças e homens que acabaram de trabalhar. As luzes amenas. Resmungos e
batidas de copos no balcão. Ele sentava num canto, tentando passar
despercebido. Mas por ali qualquer novo trauseunte era notado, sentido.
De perfume pertubador. Aproximouse
dama bela do então homem há pouco chegado. Sentouse com olhar fixo. Pediu para
ficar. No calor da noite caindo. No beber dos corpos enebriados. Iam-se
risadas. Toques. Troques de olhares.
EDITORIAL – DÉCIMA NONA EDIÇÃO
A imortalidade oriunda da vida do filho, os floretes das boates
entrando fundo na carne, as vaginas róseas saltitando nos miolos dum astro decadente,
a mosca suscitando os devaneios do porvir dum homem que não mais será, o prazer
permitido ao cidadão moderno, o passado ejaculando de volta os prazeres com um
garotão viril.
A HOT, mais uma vez, retorna pelos meandros do tempo e retira de
dimensões temporais secantes os contos perdidos no espaço hexagonal. Eles
variam do nada ao nulo, do zero ao um, são binários, mas formados por três
números, quadrados com raios definidos, possuem a precisão da tangente de
noventa graus... Leia e entenda, pois a depravação e o requinte manifestam-se por
meio das mais variadas formas.
RACHA RÓSEA
O grande Fred Tompson vagueia por sua sala. Vagueia
nu. Nu em pêlo. Embora
pouco pêlo tenha. Outrora grandioso diretor e roteirista de cinema. Um ícone do
show business. Agora maluco, com muito dinheiro para financiar suas maluquices.
Escreveu, dirigiu e lançou um fracasso atrás do outro
após enlouquecer. Mas julga-se incompreendido. Sua trilogia, Racha Rósea,
composta de três filmes: Bucetinha, Linda Bucetinha, Bucetinha Linda, é por ele
considerada uma obra-prima do cinema, digna de ser tombada como patrimônio
cultural internacional. Mas a crítica, e até seus fãs, com exceção dos mais
excêntricos, não concordaram e repudiaram o seu vanguardista projeto.
No seu vaguear desconcertante. Pensando na
incompreensão das mentes mais conservadoras ou mesmo ingênuas, quiça burras pra
caralho. Ele grita aos sete ventos pedaços de sua obra:
FETICHE
Muito cedo descobri que eu era diferente, que o que me fazia gozar não era muito excitante para as outras pessoas. Mas eu não me importo com isso.
A TRAQUINAGEM SUPREMA
Já havia passado sete minutos e trinta segundos que esperava o
telefone tocar, chovia forte mas nem a capa e nem o guarda chuva impediam que
ela se molhasse. Até que, em exatos oito minutos, o som ecoou:
– Como você sabe, seu filho da puta! – a mão feminina, rasgada pelas
chagas da idade, quase que espremia o fone do orelhão de esquina riscado pelo
vandalismo, o sangue pulsava louco, os músculos franzinos querendo um pescoço,
não aquele aparelho público mal cuidado.
NOS CONFINS DA TERRA PROMETIDA
O problema era que os anos não passavam rápido. E as pestes iam e vinham e destruíam tudo e
todos por ali. Menos ele e ela. Ele era alto, de cabelos desgrenhados e sujos.
Compridos, escuros. Olhos felinos e negros. Mãos grandes e costas largas. Ela
era quase da mesma altura que ele, poucos centímetros mais baixa. Cabelos
alaranjados e uma encorpada boca vermelha e olhos amendoados e verdes. Cintura
fina. Peitos que se escondiam nas mãos dele, mas não eram pequenos.
Eles não tinham muito a fazer. Estavam condenados a
existir. Pelo menos era assim que as coisas aconteciam e nada mudava. O lugar
era distante. E vivia em constante mudança. As casas eram abandonadas. Os que
não saiam a tempo morriam. Todas as doenças, pragas e pestes do mundo apareciam
por ali.
SOBRE HISTÓRIAS E MOSCAS – SEGUNDA PARTE: A AUSÊNCIA DO PROBLEMA DO OUTRO ENQUANTO DEPRESSOR DO ÂNIMO NA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA PESSOAL
Novamente encontro-me frente à tela do computador, é
o primeiro frio depois da última chuva.
Não há nenhuma mosca me incomodando, não há nenhum
barulho me estorvando.
O silêncio é tão grande que posso ouvir minha
própria respiração.
Sinceramente eu não saberia o que escrever se a
mosca não houvesse aparecido aquele dia, assim como não sei o que escrever
agora.
UM BEIJO
Pode-se pensar que quando os jovens morrem, perde-se uma vida que não
floriu, se assim é, então não se deve chorar pelos velhos, já que suas vidas
não passam de fios prestes a rebentar, mas não queremos a morte de ninguém,
pelo menos na frente da sociedade, precisamente dos amigos e da família, mesmo
dos inimigos e desconhecidos, então do que serve o desespero? Digamos que seja
ele o escape da mente à loucura vindoura da desesperança final; o choro, o
sangue podre; os gritos, o socorre travestido de bicho.
EDITORIAL – DÉCIMA OITAVA EDIÇÃO
Moscas são atraídas pela putrefação, quem sabe também por um pouco de
luz brilhando fraca no fundo do bar onde você fuça no nariz sem perceber que
uma linda jovem o observa, talvez a donzela tenha vindo do mundo mágico da perversão,
habitado por criaturas fálicas e princesas depravadas que passam a vida sendo eternamente sodomizadas, nunca se sabe, então a estupre!
A Hot retorna do sêmen seco das camas abandonadas e perscruta a linha
temporal em busca dos ânus, pênis e vaginas fujonas, esperem edições mensais
duplas ou mesmo triplas, as penetrações serão colocadas em dia, sem qualquer
misericórdia dos receptáculos. Chegaremos lá com toda a luxúria que nos for
possível arrebatar do mar perversão.
MOSCA
Corpo de moça, uma perna largada sobre a outra, o monte do quadril
erguendo-se acima da cintura, a minissaia transparecendo a calcinha de corações,
a elevação da vagina sob a peça, uns lábios fugindo pelo lado, assaltados e
ainda quentes.
A manteiga espalhada displicentemente sobre o pão de forma, a
menininha alegre sorrindo para o papai, os dentes de propaganda de pasta
brilhando em uníssono, a voz alva querendo mais manteiga. Faca indo e vindo,
dançando inocente na fatia, esparramando o composto sobre a mesa.
OS MEUS DELÍRIOS DE LINDA
Era
uma tarde terrível. Dessas que parecem forjadas a ferro em brasa. O céu
erguia-se vermelho intenso. Queimando os fétidos pensamentos das cabeças que
existiam por ali. Nada soava belo naquele caminho desesperador. Eu doentiamente
queria tudo que estava atrás daquele cenário. Daquela redoma de vidro. Na
verdade o tudo que eu queria consistia em apenas uma coisa: Linda. Na verdade,
minto. Junto com Linda vinha seu desespero. Sua vergonha. Sua beleza.
Olhava-me.
Com doces olhos lacrimejados. Mas que não choram mais. Linda desejava sair
dali. Como saindo de um quadro. Um quadro de Dali. Chovia sangue por lá. Os
pássaros voavam baixo. Com os olhos alaranjados. Pequenos homens velhos de
chapéus (a sodomizavam). Todo dia. Todo dia, pobre Linda!
–
VAMOS, SEUS VELHOS RIDÍCULOS. TOQUEM EM MINHA MENINA. NÃO. ASSIM NÃO. MORRAM.
DEIXEM MINHA LINDA. NÃO. EU QUE DEVERIA TÊ-LA. BEIJÁ-LA. CHUPÁ-LA. MINHA... MINHA...
CINDERELA NONSENSE
Era uma vez uma menina muito traquinas que vivia no Brooklin, ela
passava os dias jogando pedras nas vidraças dos meninos porque eles sempre riam
do nome dela; chamava-se Cinderela. Suas irmãs adotivas eram muito boas com
ela, mas a menina não se importava, sempre pregava peças nas coitadas, nem a
madrasta escapava, apesar de ser a melhor mão substituta de todas.
Um dia, um negociante da bolsa de valores promoveu um grande baile em
Wall Street, todas as moças bonitas foram convidadas; o magnífico investidor
pretendia encontrar uma noiva substituta, pois ele havia perdido a sua em uma
aposta com Sean Connery em Las Vegas, sentindo-se, desde então, muito triste e
solitário.
A família de Cinderela fez uma reunião para decidir se a menininha
poderia ir, por consenso absoluto declarou-se que ela receberia o primeiro
castigo da vida: não poderia ir. Chorou, berrou, xingou, mas não deu certo,
ficou em casa enquanto as outras foram ao baile.
O CAMINHO DA ANGÚSTIA
A
VERDADE DO BAR
Entre
um copo de cerveja e outro sempre sobra tempo para fumar um cigarro.
Entre
um cigarro e outro sempre sobra tempo para tirar alguns tatus e grudar embaixo
da mesa.
Entre
um tatu e outro sempre sobra tempo para uma garota bonita passar e me ver
fuçando no nariz.
A
VERDADE DO AMOR
Entre
ficar com uma garota e ficar com a outra sempre sobra tempo para encontrar uma
namorada.
Entre
uma namorada e outra sempre sobra tempo para acabar o namoro e ficar completamente
sozinho.
ALICE NO PAÍS DA PERVERSÃO – PARTE V – MEMÓRIAS DE UMA VIAGEM PSYCHOCIBERPUNK
– Aliceeee!!!
– Aliceeeee!!!!
–
Aliceeeee!!!!
– Aliceeeee!!!!
– Aliceeeeeeee!!!
A cabana desaparecera. Ecoava uma voz metálica chamando pela doce
Alice. Ela ainda entorpecida pelos prazeres anteriores. O escuro ia se
dissipando. A sua frente um homem gigante. Trazia um monóculo dourado. Que
parecia scannear a menina.
A voz permanecia. Mas não vinha do homem. Ao seu redor pequenos seres
sem pernas e com asas gritavam seu nome. Como querendo tocá-la.
Mas pareciam temer o homem. Este a jogou em suas costas e a levou
rapidamente por onde agora se erguia, em meio a uma floresta devastada, restos
de máquinas e muita fumaça.
Alice estava confusa, para variar. Mas deixou-se ir sem nem ao menos
questionar. Pararam ante um portão marrom, enorme. O homem gritou algum número.
O portão abriu-se.
SOBRE HISTÓRIAS E MOSCAS – PRIMEIRA PARTE: O OUTRO ENQUANTO PROBLEMA CONTINGENTE NA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA PESSOAL
Estou com a interface de um software editor de texto aberta diante de
meus olhos enquanto escrevo. Esta página branca virtual lentamente sendo
preenchida com as letras destas palavras é a única fonte de luz no quarto,
assim como a chuva e meus dedos são os únicos provedores da trilha sonora desta
trama.
Eram.
Eis que surge uma mosca que, atraída pela fonte de luz, tornou-se uma
nova provedora de sons para minha audição. E que péssima provedora de sons uma
mosca consegue ser... Intrometendo-se na execução da trilha que eu havia
escolhido para este conto.
Eu sou apenas alguém qualquer tentando escrever a própria história e considero
a mosca uma dificuldade que surgiu na construção da minha história.
A mosca influenciou tanto o rumo do que escrevo que a altura desta
frase a palavra “mosca” já foi digitada 5 vezes.
Consegui.
EDITORIAL – DÉCIMA SÉTIMA EDIÇÃO
O mundo perfeito é simples: todos transam sempre que podem, a propriedade privada inexiste, todos os locais são públicos, a eterna suruba rola ao lado de museus que carregam em suas vísceras uma coisa chamada dinheiro, negócio primitivo certa vez gozado pelo comunismo apaixonado. No meio de toda a orgia algumas penas rosadas, flamingos saltitando ansiosos por uma vagina quentinha. Pode ser que surja do céu o Messias, de um tipo carnoso, bem humano, prontinho para levar suas mulheres glorificadas, as freiras do Senhor. Momento ótimo para fotografias e conhaque. Trabalho para o Homem Surpresa e sua lente pervertida.
Hot Fritola 17: sabor de coisa erótica, a mistura final de todos os sêmens e líquidos vaginais desse plano de existência. Sente-se, masturbe-se, goze com força no teclado, nos presenteie com suas excreções e aproveite alguns contos depravados e a poesia da verdade absoluta.
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