EDITORIAL - VIGÉSIMA TERCEIRA EDIÇÃO!

Ora, ora! O que queres por aqui? Nós sabemos o que queremos - escarrar verborragias gosmentas sobre seus miolos. Com muita satisfação. O que desejas? Um cu, com ou sem acento? Cú? Mas cuidado, de lá sai muita coisa. Gases. E merda.  Falando nisso, não esqueça de fertilizar seu jardim. Da escrotidão nascem coisas maravilhosas. O mundo das ideias rasteja na lama dos restos infecundados. A arte, por essas bandas, jorra, brota, da podridão. E por aí, do lado de lá? Do outro lado? O que faz gozar? Qual a arte que brota do seu corpo, do seu prazer ou da sua podridão? Pararei com as perguntas. Pare também de se perguntar. Mergulhe nas linhas abaixo. Lambuze-se na lama. E esqueçam de salvar a alma.

HOJE É UM DIA


“Hoje é um dia, ou hoje é o dia, talvez o dia que me faz pensar naqueles outros dias, quando eu simplesmente vivia os dias, sem deixar os dias dissiparem os próprios dias, que se iam consumindo sem ver os dias que vinham após dias, seguindo mansos e bravos em direção de mais dias... Só que não tem mais dias, e os dias não consomem outros dias e não se pode esperar mais dia algum, pois de dias morreu o espera por aquele dia.”

Pensei em mandar esse poema para ela, contudo, pareceu-me muito redundante, o que para um poema não deveria ser estranho, afinal, eles redundam, faz parte da sua natureza. Contudo, não era a natureza que eu buscava, não poderia sê-la, a natureza havia reduzido o que éramos ao nada que agora somos: dois depravados buscando orgasmos pelo webcam.

A ideia inicial fora dela, queria exibir os novos movimentos que tinha aprendido nas aulas de dança do ventre. Com o véu negro em mãos, disse, do outro lado do estado, para eu imaginar que aquele pano era as minhas mãos. Tencionou-o para em seguida friccioná-lo sensualmente por entre as pernas volumosas, o tecido foi e veio com delicadeza voraz por entre os lábios rosadas da vagina inundada de prazer.

A MALDIÇÃO DA LAMBIDA


A borrasca fazia-se terrível. Raios. Relâmpagos e trovões. Cheiros dos mais variados pairando no ar. O negror da noite encobrindo céus e terras. E as palavras proferidas. Maldições esbaforidas. O eco se dava em todas as línguas. Mortas. Extintas. Ou vivas.

 
‒ Tudo que eu lambo é meu! Tudo que eu lambo é meu! Tudo que eu lambo é meu!

Fez-se assim a língua profana. Tudo que ele lambia era dele. Profecia sagaz. Talvez. Lambeu palácios de ouro, reis e rainhas. Lambeu cu e buceta e pau. E foi se adornando do mundo. Senhor de tudo que sua língua podia tocar.

Evitava, porém, as bocas, as outras línguas. A falha da magia da profecia. Uma língua lambida tornava-se dele, e tudo que ela lambia seria, por sua vez, seu. No entanto, lamber não era beijar. O beijo era o ponto de desgraça de tudo.

CU DE FETO É POESIA


Já o copo nem encho muito, o líquido nele pouco verte, pois sei que logo esbarro e mancho o chão com vidro borrado de roxo, e sem pensar em nada mais que nada à mente voa a filosofia do avô enterrado: cu de feto é apertado, e quem escreve poema poeta nem sempre é. E ao lado o dobro de ovos que tenho no escroto, todos cozidos e cuspindo cheiro acre no ar, do lado de cá o meu estômago vomitando gazes pelo reto e eu pensando naquilo, naquela ânus que não foi meu.

Conhecia-a através de um amigo, um sujeito com madeixas afinadas e crises de melancolia infanto-juvenis que afastavam dele os poucos adultos tolerantes da cidade. Naquela noite zumbizava eu nas teias do sistema quando uma mensagem qualquer me esmurrou o rosto, desprovido de vontade, disse sim, e pouco depois lá eu estava, já em segundos discutindo com a menina, e aquelas madeixas afinadas e afinadas baloiçando cá e lá.

FILOSOFIA, QUE MERDA É ESSA?


Minha vida, como fede
Cheiro sólido e branco
Manchado de sangue verde
não sei o que é
nem sei quem sou
sempre errado, sempre errado

Perdido encontro-me
nos labirintos de meu odor
atrás de mim um rosto de merda
em minha frente só a paz da morte
não sou o melhor nem o pior
sobre tanto aspectos falho
deveria ficar contente
quando nado esgoto?

UM DEVANEIO ESCATOLÓGICO





‒ Um passo adiante! Bradou alto o homem grande a minha frente, usava um uniforme verde alguma coisa, esteticamente deplorável e ridículo, na minha humilde concepção. Fui-me. Sonolento. Ressacado. No bolso da casaca, um pequena garrafa contendo um pouco de vodka barata. Meu olhar era melancólico, absorto e patético. Não queria nada. Nem confrontar aquele ser hediondo.

‒ Seu mariquinhas, vai aprender a ser homem.

Apático, envolvido em minhas sinapses escatológicas e nonsense’s, eu com nada me importava. Talvez, um pequeno incômodo com a saliva que daquela bocarra. Pensava eu: já estou com saudades de empinar a garrafa, balançar o leque e pensar sobre coisas irreais. E criar teorias new-ciber-punk sobre a nossa existência humana.

Mas a guerra aproximava-se. Eles queriam meus membros jovens e minha mente. Essa última seria difícil de conquistar, tendo em vista que eu mesmo dela perdia-me.

Nesse instante algo bizarro aconteceu. Meu pênis saiu de mim. Transfigurou-se.

DAS BOSTAS FLORESÇAM FLORES


Eu tenho bruxismo.

Meus caninos já não tem pontas.

Nunca tenho vontade de sair de casa.

Jamais trocaria o conforto e a solidão de meu quarto por qualquer convívio social.

Mas não tenho esta escolha.

Sinto-me condicionado em todos os momentos.

Penso ao menos uma vez ao dia em o quanto seria bom morrer para não decepcionar ninguém com meu futuro.

Não tenho coragem de me matar porque sei que isso causaria sofrimento aos meus pais, não sou egoísta a ponto de priorizar o meu prazer em detrimento da dor dos outros.

Mas é claro para mim o quanto a agonia de viver faz com que eu só consiga associar prazer ao pensar em minha morte.

Sou um fumante compulsivo, eu fumo pelo câncer, fumar para mim é um suicídio disfarçado.

Sou viciado em todos as drogas que uma vez provei, busco-as como válvula de escape, mas que nunca é suficiente.

Às vezes tenho coceiras sem alergias, acredito que sejam psicomáticas, reflexos do meu desejo de autoflagelação.

EDITORIAL – VIGÉSIMA SEGUNDA EDIÇÃO!

Bebendo nas veias do desespero humano a Hot surge, mais uma vez, regurgitando em seus rostos as podridões e as belezas do nosso vago existir. Quem é você? Hein? Responda ou gozarei em sua mente. Suas depravações apavoram seus pensamentos? A culpa despejada em sua cabeça pela falsa pureza do mundo em que existe lhe causa insônia? Sentes desejos obscuros, perversos e devassos...mas ainda assim ama? Coloque para fora todo câncer ideológico adquirido nesses anos de existência, gozando. Homem. Mulher. Transexual. Cachorro. Cadela. Cisne Negro. Goze. A “vida de cão” chega para todos. Mas não se desespere, antes deguste os contos Hotfritolianos.

OLHOS DE POE


A lágrima é a materialização do sentimento, ela só não verte quente, verte livre e verdadeira, e em seu trajeto perde o calor extraído das entranhas da alma, fenece fria sobre os rostos mortos das fotos destruídas após deslizar doce pela face rasgada e contorcida pelas expressões puras do espírito, do som da vida que se exprime em soluços, pelas rugas explosivas que vem e vão, emulando a ressaca do mar que avança tão somente para recuar e tornar e investir, inútil em sua torrente arrasadora.Quem perde a habilidade de vertê-las, perde também o poder de apreciar e exprimir o sentimento verdadeiro, a humanidade desses desafortunados regride, são mais próximos de outro tipo de homem, um ser instintivo e violento, manipulador, mentiroso, uma emulação de humano que é identificada quando sua apatia tonar-se perturbadora até para si mesmo, de um modo que não consegue entender, de uma forma que lhe preenche algo que nunca esteve lá, mas que anseia por um emoção explosiva e destrutiva.

VIDA DE CÃO


Esse cheiro!
MEU DEUS!!!! ESSE CHEIRO!
CADÊ?! CADÊ!? ONDE?!
Tá lá!!”
Corre. Corre. Corre. -RRrrr!!!
É Minha filho da puta, eu que vou comer ela, seu filho de uma cadela! Rrrr!!
Tá, vai então... Mas depois sou eu!
Minha vez, minha vez, minha vez, yeah!”
Fode.
Fode.
Fode. Goza.

TRANSMUTAÇÃO - AMOR E FÚRIA


Morava eu num pequeno cômodo de um simplório apartamento suburbano de quinta categoria. Mas ali residia também uma mulher de beleza rara, dessas que, pelo menos a mim, fazem explodir o coração e querer vender a alma ao diabo para tocar-lhe os lábios uma única e inocente vez.
Essa esvoaçante e devastadora beleza rendia-me desperdiçadas e ardorosas horas de masturbação. Já não tinha muito afazeres além do trabalho necessário e da alimentação , restando o resto de meu tempo há uma dedicação servil à beleza desta que era bela em demasia.
Eis que, certa noite, escuto barulhos oriundo do quarto ao lado. Lá onde residia o ser luxurioso de meus devaneios. O som ressonava pelo prédio inteiro. Um singular e rasgado gemido. O que atiçou ainda mais minha mundana imaginação.
Estagnado. Ouvindo a deliciosa canção ninfética. Fui surpreendido. Atravessando a parede sólida do meu atordoante quarto ela se fez presente. Lá. Bela. Vestindo uma fina camisola. Deixando transparecer toda sua beleza que eu apenas fazia existir em minha mente. E suas curvas se faziam ainda mais aterradoramente divinas.

DIVAGAÇÕES DA VIDA MUNDANA


A mulher é mera propriedade, dela não se extrai nada além de um falso orgasmo. COm um pouco de esforõ pode-se obter a verdade, mas gereal pensar-se-à ser real aquilo que não é porque o homem não consegue perceber a falsidade feminina, assim acaba caindo na fantasia transulido prazer univoco.

Semrep tive isso em mente, nunca considerei as mulheres algo muito sério, não passam de meros objetos de prazer. Com os meus amigos, por exemplo, nunca levei em consideração as namoradas, para mim a opinão delas era irrelevange, claro que enconcrei alguns problemas, coisas socias insignificanfes, nada que uma garrafa de bira não pudesse resolver.

Pensando em todas as mulheres que eu tibve em toda a vida, cheguei à conclusão que somente fiquei com elas por intesses escusos. Uma me pagava tudo, outro era boa no sexo oral, e a coisa ia por ai. Talvez um pouco de amor aqui e ali, mas para mim o amor era um orgâo masculino introduzido num feminino, a velha tensão. Então como eu podia gostar tando daquele sexo oral?

Minha história com sexo oral começou ainda na infância, nem falo daquela besteira freudiana de fase oral, falo de algo mais corncreto: minha mãe chupando meu pai na lavanderia Achavam que eu estava na casa da minha vó, acabei levando uma surra pro ver o que não deveria.

QUEM É VOCÊ?


Quem é você? Quem você é realmente? Que perguntas você deve se fazer para ter uma resposta? Primeiro pense em que universo você vive. Ou acha que pode saber quem é você, se sequer sabe em que universo se encontra? Aqui você pode acreditar na Física ou em alguma explicação teológica. Mas cuidado! Tentar conciliar Albert Einstein com São Thomas de Aquino vai gerar muitas contradições. Agora que você sabe em que universo você vive (ou acredita viver), chegou a hora de questionar em que lugar do universo você está. Talvez você acredite estar em um lugar muito privilegiado, onde o Sol, a Lua, os errantes e todas as estrelas giram em torno de você ou talvez você insista acreditando na Ciência Física e então você está em um pálido ponto azul que é um pequeno planeta orbitando uma pequena estrela em uma pequena galáxia. Agora que já sabe em que universo você está e já sabe em que lugar você está neste universo, chegou a hora de questionar que tipo de coisa é você. Aqui pode continuar agarrado em São Thomas de Aquino e acreditar que é um animal racional e cheio de privilégios, mas caso tenha escolhido Einstein lá em cima, agora é altamente recomendado se abraçar em Charles Darwin.

Supondo que aceite a teoria da evolução das espécies, você é só mais um animal com certas vantagens evolutivas, como modificar a natureza pelo seu trabalho e a linguagem proposicional, tais vantagens foram moldadas pelas contingências da seleção natural, sem nenhum princípio teleológico, e você e toda sua espécie são tão evoluídos quanto as baratas, afinal, humanos e baratas tem se perpetuado.

EXCERTOS DE UM DIÁRIO – E O SEXO...


Não fossem meus devaneios estranhos e depravados minha gente já estaria pifada, mais do que já está.
Em outro excerto citava a alma, nesse cito a mente. O que isso significa? Não muita coisa relevante. Diz que meu pensamento às diferencia. Não, necessariamente, considerando a existência de mente e alma como substâncias que nos compõe, pois aí me enrolaria definindo substância. Mas sim no que diz respeito a nomenclaturas que definem sentimentos, ações e desejos do existir.
Mas meu diário não se encanta em ficar nas elucubrações filosóficas detalhadas, monótonas se sérias, engraçadas se desprovidas de compromissos com a verdade, ou qualquer outra coisa do tipo. Tenho que destroçar minha realidade, meus feitos e minhas fantasias numa forma harmoniosa de pensar em alegrar-me e satisfazer a outros, e vice-versa.

EDITORIAL – VIGÊSIMA PRIMEIRA EDIÇÃO!

Trabalhe, transe e morra! Só não se esqueça de se masturbar pelo caminho, da bruma ensangue no olho coroado, dos gozos postergados de quarta-feira, e nem da fantasia acalentada. Sem o vácuo do passado, sem o fogo do presente, sem a luz que se projeta no horizonte, a noite desce e irriga os sexos, que afloram de verdades submersas paridas das frustrações do fim, tão somente para afundar na superfície da vida simulada.

Enjoy it! Otherwise, fuck you!

MAIS MASTURBAÇÃO E PENSAMENTOS IMPERFEITOS


Nas divagações melancólicas e vazias, e ai ressalvamos que mesmo que a melancolia implicasse em alguma coisa, nesse caso, era nada, era leve e se dissolvia no ar, e por vezes era sólida e pesava sem pesar.

E o ser, oriundo das incertezas do nada, permanecia estático ceifando-se a própria vida, numa torpe embriaguez não alcoólica, apenas contemplativa.

E havia uma coisa que fazia pulsar sangue em suas entranhas secas:  sexo.  Mas não pagava por sexo, nem se aventurava mais em corridas e competições atrás de tal prazer mundano, saciava-se frequentemente consigo mesmo. A melindrosa, satisfatória, egocêntrica, simples e magnífica Masturbação.

Ditos e não ditos, era só isso que fazia sua existência, por gosto, na terra, outras feitas eram só de praxe e necessidade. Fosse como fosse, nada o incomodava, desde que existisse um friccional movimento de vai e vem de sua mão, e um intervalo desejado por si mesmo entre o movimento e o gozo. Demorado, rápido, violento, pacífico, bom ou ruim.

TRIÂNGULO DE 90º


O primeiro tapa saltou-se com a mão direita, de luvas, aberto e fechado, n’outra mão eu segurava com firmeza uma garrafa de vinho, não queria largar aquilo, realmente não queria, eu sabia que no momento em que ela saísse do anelo dos meus dedos, aquela esquerda ciumenta iria pular enraivecida, em frenesi completo, no rosto macio dela, dali para frente seria somente selvageria, aquela coisa qualquer que mantemos presa por uma corrente de racionalidade, que alimentamos de frustração, problemas familiares, passado oculto, restos de fast food e ex-namoradas.
           
Eu sabia que era assim, havia passado por isso com um trio escurecido numa noite caucasiana. Daquela vez não era vinho, e sim conhaque, meia garrafa de Dreyer, na época em que essa bebida podia ser comprada. Os mosqueteiros da coabe cercaram-me, exigiram meu sangue, não quis dá-lo, não larguei aquela maldita garrafa, quase que senti minha mão sendo partido pelo vidro apertado com animosidade, eu sabia que não podia largar a garrafa, ou tudo iria virar selvageria, mais alimento pra’quele ser cercado de comida.

O AMANTE E A PUTA


Que seios deliciosos!” – repito freneticamente em meus pensamentos. É como se eu pudesse vê-los...

Desço as escadas e caminho até a frente do prédio, ascendo mais um cigarro. Lá em cima já está tudo pronto, coloquei o colchão no chão, preparei uma música adequada... Um velho abajur, coberto por um pano verde, compõe a iluminação do quarto.

Olho novamente para o celular, são 17 horas. A chance de encontrá-la vai das 17 às 18h. É o período em que ela pode escapar do marido sem levantar suspeitas. Deslizo meu lábios pelos seus seios, chupo seus mamilos como se deles emanasse o néctar da vida eterna, desço deslizando meus lábios até sua cintura com pequenas mordidas e vislumbro o éden depilado... E o cigarro acaba de queimar meus dedos, eu estava perdido em mais um devaneio. Aperto meu pau sobre a calça.

17h20min. Ascendo mais um cigarro, reparo que estou tenso. Ela não é a única garota com a qual transo, na verdade não posso reclamar de minha vida sexual, mas com ela é diferente, com ela é ardente. Ela é casada, gosta do marido e nós mal temos contato, apenas às vezes, nas quartas, das 17 às 18, ela me liga avisando
que virá e eu sei como devo recebê-la.

EXCERTOS DE UM DIÁRIO – MINH’ALMA JOVEM E VELHA


Não fosse essa vontade ferrenha de chupar um grelinho, minh'alma estaria mais morta do que já está.               
Salva-me? É isso que eu pedia a todas as mulheres que fizeram sexo comigo, nem todas, eu exagero, algumas eram estritamente sexo. Mas é o que eu peço sempre que faço sexo. Quando me masturbo é o que eu peço a minha imaginação: salva-me.

A fumaça do palheiro arde em meus olhos. Os gatos me olham e não dizem nada. E eu digo salvem-me! Mas os gatos não dizem nada. Mas me salvam parados com a sua beleza contemplativa. E a fumaça salva. E, no dia da ressaca, o café salva. E alguém me dá um copo de vinho. Um copo, apenas um, não me salvará.

Rabisco desenhos na parede. Isso me salva. E penso em masturbar-me. Mas não encontro um vídeo que sirva às minhas vontades sexuais. E deixo a masturbação para outro dia. Talvez amanhã.

No tilintar da aurora, vai-se indo o sol. E eu penso: Hasta sol! E ele sorri desavergonhadamente e ofende-me com uma palavra qualquer. E fico na esperança de que chegue logo o outro dia e que acabe logo, tão rápido quanto chegue.


FANTASIA DA SINGULARIDADE


As pessoas aproximam-se pala similaridade, aquela conversa que alguns e algumas gostam de vomitar, aquela coisa sobre “gostar de pessoas estranhas ou peculiares ou excêntricas”, isso é outra fantasia, ou melhor, outro reboco de hipocrisia morta e apodrecida; todos fogem do que não é igual, daquilo que transpira diferença, se assim não fosse, todos andariam abraçados com aqueles tipos estranhos que vêm pedir cigarros na rua, ou beijariam as velhas sujas que mergulham nos contêineres de lixo das cidades urinadas.

Afinal, do que serve querer o que não é diferente? Absolutamente nada, do que serve alguém que é igual a mim? O estranhamento é o prazer máximo, o estranhamento ativa os “locis transcendentais da alma”, sem o estranhamento, acabamos por transar com nós mesmos. Todavia, a similaridade, a fantasia enlatada em seres programados para a imitação, grita e estoura os ouvidos com sua voz esganiçada, e nós ouvimo-la sempre e nós repetimos sempre: “sou diferente”; “sou estranho”. Porque a singularidade também reina.

BRASILEIREI



Gozei. Virei. Dormi.
Acordei. Levantei. Tomei.
Distraí. Atrasei. Corri.
Cheguei. Trabalhei. Trabalhei.
Comi. Trabalhei. Obedeci.

EDITORIAL – VIGÉSIMA EDIÇÃO


A bucetinha proibida, ela sempre vaguei dançante sobre nossos falos, mas será real? Não seria somente um processo programado rumo ao ideal social? Ou será que isso não passa dum eterno retorno infatigável que zomba de nossa existência tênue e sempre ansiosa pelo fim sempre adiado? Na dúvida, tire-lhe a calcinha! Use-a! Atravesse-a com vigor e goze nas suas costas logo após a massagem extra-ancestral almejada nos recantos sujos da mente vingativa.


HOT 20! Leia-a ou prepare-se para perder seu órgão genital!

ANIMAL


Sempre fui uma criatura racional. Mesmo nos momentos mais emotivos mantive o rosto impassível, sem qualquer expressão, uma verdadeira estátua imune à emotividade barata. Quanto minha mãe morreu, absolutamente nada. Era mais um no meio da multidão. Quando meu pai morreu, absolutamente nada. Era mais um no meio da multidão.

Por alguma razão “estranha” nunca fui acometido por emoções particularmente fortes, salvo uma leve elevação do ritmo cardíaco, nada mais, talvez para lutar ou fugir, aquela coisa darwiniana padrão que todos conhecem. Passei por alguns momentos que exigiram certo volume de sangue nas veias, nada de mais, a frieza pura, o sangue se agitava, mas não o suficiente.

Eu sempre me senti superior por isso, dava-me amplitude de raciocínio, controle sobre as ações, sempre foi uma vantagem, apesar de eu me sentir, não sei, um pouco “mal” com tudo isso. Mal porque não parecia certo não sentir, ou fingir não sentir, algo em momento particularmente emotivo. Era como se eu fosse menos humano que o resto dos humanos.

ETERNO RETORNO



Acabo de chegar em casa, estou assustado. Finalmente encontrei um sentido para minha vida, em uma epifania que me proporcionou um conhecimento inefável!

Agora tenho uma decisão tomada: vou viver este conhecimento! Vou sair de casa e vivê-lo até a morte e mesmo assim minha vida será plena!

Volto a sair de casa, agora com a decisão tomada: esta seria minha última desventura, última agrura, último feito. Completar-me-ia.

Prometi morrer antes de o Sol nascer, mas pra isso eu precisava fazer acontecer.

Fazer acontecer agora significa mais do que apenas a vida viver: significa modificá-la, fazer dos momentos vividos uma arte na memória, tais quais as artes penduradas sobre paredes amareladas, “fazer acontecer” significa viver algo para pendurar e embelezar a memória.

Mas o que eu poderia viver? As horas avançavam, já havia perdido tempo demais de minha vida navegando na internet, vendo pornografia enquanto me masturbava e lendo os mesmos textos repetidos, mas ainda não havia pensado em meu grande desfecho, um Grand Finale digno de meu C’est Fini.

Acendo outro cigarro e mais uma noite acaba, amanhã será outro dia e poderei tentar novamente.

Volto a sair de casa com a decisão tomada: esta seria minha última aventura, última agrura, meu último fato.

Prometi novamente que morreria antes de o Sol nascer, mas pra isso eu precisava ter Gana de Viver.

Ter Gana de Viver para mim significa mais do que apenas a vida viver: significa ter vontade, fazer dos momentos vividos uma história para contar, que daquela noite se pudesse compor uma Ópera, “Gana de Viver” significa virar página de livro...

MEA CUPIS


Ela estava ali. Bucetinha molhadinha
Me disseram: Vai lá e come.
Eu disse: Vamô  com calma.
Depois disso, deus fez-se o mundo. Eu perdi a virgindade.
E eu corri, DEUSINHO, como eu corri.
Foi entre cores e sons. Minha maldição padeceu.
Foi um dedo, depois dois. Depois um troço meio marrom, cabeça vermelha.
Eu gozei.
Há!
Assim faz-se a vida. Indo e indo. E vai e vem. 

CALCINHA


- Eu não acredito nisso! Você não quer fazer isso?

Sorrisinho sacana, aquela leve mexida de cabeça acompanhada do cafajeste estreitar de olhos. Ela sabia que as coisas voltariam a ser como antes, ao menos naquele momento. Mais um fio de esperança na trama intrincada daquele relacionamento apodrecido.

- Uau! Quer fazer isso mesmo?!

Quase uma década. A boate cheirando a mijo e decorada com faces torpes e ansiosas por algo qualquer e excitante nem mais existia, eram só um casal de quase trinta anos engolido pelas noites loucas e inconsequentes, no buraco onde estavam todas as ilusões da juventude irresponsável já se perdiam na realidade do mundo do trabalho. Ao menos as dela.

- Você é depravado! Eu devo estar com o cara errado!

GÊNESIS


Terceiro dia
A coisa trabalho termina seus efeitos sobre meus processos de software, qual será o próximo programa que executarei?
Olho para as coisas a minha volta, aquilo que possuo: eis o que sou. No núcleo de meu sistema operacional há gravado “ser é ter” e assim sou aquilo que tenho.
Minhas retinas vasculham um novo processo para executar, vejo uma carteira de cigarros sobre a mesa. Outros chamariam de vontade, mas não passa de mais um software sendo executado e eu sei disso.

A MASSAGEM EXTRA-ANCESTRAL


Ardia uma tarde quente em cima do velho barco. Nos olhos de mais de meio século ardiam esperanças. Canales ansiava por chegar em terra. Deixava sua prole, a mulher que não mais amava e histórias estranhas na sua ex­pátria, Venezuela.

A chegada em terra era apenas passo pequeno. Uma longa viagem o esperava. Para atravessar o vasto território das matas belas dos trópicos e das praias ensolaradas até os verdejantes campos do sul.

Mera ilusão. Mero olhar despreparado. Entrava ele na fornalha. Passaria pelas fumaças. E continuaria entre prédios antigos e novos. Gigantes indústrias. Vacas, frangos e porcos confinados. Mas talvez isso não interferisse no seu sonho.

Depois das pequenas náuseas no barco velho. O desembarque desesperado. A caminhada ofegante, engolindo terra seca. Sufocando em restos de fumaça de carvão. No caminho a salvação vinda de um jipe. Velho jipe, velho homem dirigindo.

Prosseguiram viagem. As conversas curtas. Indagações e pequenas constatações do clima e da vida. Desembarcou num vilarejo pequeno. Alguns bares e pousadas. Descansou numa dessas de qualidade duvidosa, mas de valor pequeno a se pagar. Na noite que se aproximava foi pro bar.

Um desses bares de madeiras. Cachaças e homens que acabaram de trabalhar. As luzes amenas. Resmungos e batidas de copos no balcão. Ele sentava num canto, tentando passar despercebido. Mas por ali qualquer novo trauseunte era notado, sentido.
De perfume pertubador. Aproximou­se dama bela do então homem há pouco chegado. Sentou­se com olhar fixo. Pediu para ficar. No calor da noite caindo. No beber dos corpos enebriados. Iam-­se risadas. Toques. Troques de olhares.

EDITORIAL – DÉCIMA NONA EDIÇÃO

A imortalidade oriunda da vida do filho, os floretes das boates entrando fundo na carne, as vaginas róseas saltitando nos miolos dum astro decadente, a mosca suscitando os devaneios do porvir dum homem que não mais será, o prazer permitido ao cidadão moderno, o passado ejaculando de volta os prazeres com um garotão viril.

A HOT, mais uma vez, retorna pelos meandros do tempo e retira de dimensões temporais secantes os contos perdidos no espaço hexagonal.  Eles variam do nada ao nulo, do zero ao um, são binários, mas formados por três números, quadrados com raios definidos, possuem a precisão da tangente de noventa graus... Leia e entenda, pois a depravação e o requinte manifestam-se por meio das mais variadas formas.

RACHA RÓSEA


O grande Fred Tompson vagueia por sua sala. Vagueia nu. Nu em pêlo. Embora pouco pêlo tenha. Outrora grandioso diretor e roteirista de cinema. Um ícone do show business. Agora maluco, com muito dinheiro para financiar suas maluquices.
           
Escreveu, dirigiu e lançou um fracasso atrás do outro após enlouquecer. Mas julga-se incompreendido. Sua trilogia, Racha Rósea, composta de três filmes: Bucetinha, Linda Bucetinha, Bucetinha Linda, é por ele considerada uma obra-prima do cinema, digna de ser tombada como patrimônio cultural internacional. Mas a crítica, e até seus fãs, com exceção dos mais excêntricos, não concordaram e repudiaram o seu vanguardista projeto.

No seu vaguear desconcertante. Pensando na incompreensão das mentes mais conservadoras ou mesmo ingênuas, quiça burras pra caralho. Ele grita aos sete ventos pedaços de sua obra:

FETICHE


Muito cedo descobri que eu era diferente, que o que me fazia gozar não era muito excitante para as outras pessoas. Mas eu não me importo com isso.



A TRAQUINAGEM SUPREMA

Já havia passado sete minutos e trinta segundos que esperava o telefone tocar, chovia forte mas nem a capa e nem o guarda chuva impediam que ela se molhasse. Até que, em exatos oito minutos, o som ecoou:

– Como você sabe, seu filho da puta! – a mão feminina, rasgada pelas chagas da idade, quase que espremia o fone do orelhão de esquina riscado pelo vandalismo, o sangue pulsava louco, os músculos franzinos querendo um pescoço, não aquele aparelho público mal cuidado.

NOS CONFINS DA TERRA PROMETIDA

O problema era que os anos não passavam rápido.  E as pestes iam e vinham e destruíam tudo e todos por ali. Menos ele e ela. Ele era alto, de cabelos desgrenhados e sujos. Compridos, escuros. Olhos felinos e negros. Mãos grandes e costas largas. Ela era quase da mesma altura que ele, poucos centímetros mais baixa. Cabelos alaranjados e uma encorpada boca vermelha e olhos amendoados e verdes. Cintura fina. Peitos que se escondiam nas mãos dele, mas não eram pequenos.

Eles não tinham muito a fazer. Estavam condenados a existir. Pelo menos era assim que as coisas aconteciam e nada mudava. O lugar era distante. E vivia em constante mudança. As casas eram abandonadas. Os que não saiam a tempo morriam. Todas as doenças, pragas e pestes do mundo apareciam por ali.

SOBRE HISTÓRIAS E MOSCAS – SEGUNDA PARTE: A AUSÊNCIA DO PROBLEMA DO OUTRO ENQUANTO DEPRESSOR DO ÂNIMO NA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA PESSOAL


Novamente encontro-me frente à tela do computador, é o primeiro frio depois da última chuva.

Não há nenhuma mosca me incomodando, não há nenhum barulho me estorvando.

O silêncio é tão grande que posso ouvir minha própria respiração.

Sinceramente eu não saberia o que escrever se a mosca não houvesse aparecido aquele dia, assim como não sei o que escrever agora.

UM BEIJO


Pode-se pensar que quando os jovens morrem, perde-se uma vida que não floriu, se assim é, então não se deve chorar pelos velhos, já que suas vidas não passam de fios prestes a rebentar, mas não queremos a morte de ninguém, pelo menos na frente da sociedade, precisamente dos amigos e da família, mesmo dos inimigos e desconhecidos, então do que serve o desespero? Digamos que seja ele o escape da mente à loucura vindoura da desesperança final; o choro, o sangue podre; os gritos, o socorre travestido de bicho.


EDITORIAL – DÉCIMA OITAVA EDIÇÃO

Moscas são atraídas pela putrefação, quem sabe também por um pouco de luz brilhando fraca no fundo do bar onde você fuça no nariz sem perceber que uma linda jovem o observa, talvez a donzela tenha vindo do mundo mágico da perversão, habitado por criaturas fálicas e princesas depravadas que passam a vida sendo eternamente sodomizadas, nunca se sabe, então a estupre!

A Hot retorna do sêmen seco das camas abandonadas e perscruta a linha temporal em busca dos ânus, pênis e vaginas fujonas, esperem edições mensais duplas ou mesmo triplas, as penetrações serão colocadas em dia, sem qualquer misericórdia dos receptáculos. Chegaremos lá com toda a luxúria que nos for possível arrebatar do mar perversão.

MOSCA


Corpo de moça, uma perna largada sobre a outra, o monte do quadril erguendo-se acima da cintura, a minissaia transparecendo a calcinha de corações, a elevação da vagina sob a peça, uns lábios fugindo pelo lado, assaltados e ainda quentes.
           
A manteiga espalhada displicentemente sobre o pão de forma, a menininha alegre sorrindo para o papai, os dentes de propaganda de pasta brilhando em uníssono, a voz alva querendo mais manteiga. Faca indo e vindo, dançando inocente na fatia, esparramando o composto sobre a mesa.

OS MEUS DELÍRIOS DE LINDA


Era uma tarde terrível. Dessas que parecem forjadas a ferro em brasa. O céu erguia-se vermelho intenso. Queimando os fétidos pensamentos das cabeças que existiam por ali. Nada soava belo naquele caminho desesperador. Eu doentiamente queria tudo que estava atrás daquele cenário. Daquela redoma de vidro. Na verdade o tudo que eu queria consistia em apenas uma coisa: Linda. Na verdade, minto. Junto com Linda vinha seu desespero. Sua vergonha. Sua beleza.

Olhava-me. Com doces olhos lacrimejados. Mas que não choram mais. Linda desejava sair dali. Como saindo de um quadro. Um quadro de Dali. Chovia sangue por lá. Os pássaros voavam baixo. Com os olhos alaranjados. Pequenos homens velhos de chapéus (a sodomizavam). Todo dia. Todo dia, pobre Linda!

– VAMOS, SEUS VELHOS RIDÍCULOS. TOQUEM EM MINHA MENINA. NÃO. ASSIM NÃO. MORRAM. DEIXEM MINHA LINDA. NÃO. EU QUE DEVERIA TÊ-LA. BEIJÁ-LA. CHUPÁ-LA. MINHA... MINHA...

CINDERELA NONSENSE


Era uma vez uma menina muito traquinas que vivia no Brooklin, ela passava os dias jogando pedras nas vidraças dos meninos porque eles sempre riam do nome dela; chamava-se Cinderela. Suas irmãs adotivas eram muito boas com ela, mas a menina não se importava, sempre pregava peças nas coitadas, nem a madrasta escapava, apesar de ser a melhor mão substituta de todas.
           
Um dia, um negociante da bolsa de valores promoveu um grande baile em Wall Street, todas as moças bonitas foram convidadas; o magnífico investidor pretendia encontrar uma noiva substituta, pois ele havia perdido a sua em uma aposta com Sean Connery em Las Vegas, sentindo-se, desde então, muito triste e solitário.
           
A família de Cinderela fez uma reunião para decidir se a menininha poderia ir, por consenso absoluto declarou-se que ela receberia o primeiro castigo da vida: não poderia ir. Chorou, berrou, xingou, mas não deu certo, ficou em casa enquanto as outras foram ao baile.

O CAMINHO DA ANGÚSTIA


A VERDADE DO BAR

Entre um copo de cerveja e outro sempre sobra tempo para fumar um cigarro.

Entre um cigarro e outro sempre sobra tempo para tirar alguns tatus e grudar embaixo da mesa.

Entre um tatu e outro sempre sobra tempo para uma garota bonita passar e me ver fuçando no nariz.

A VERDADE DO AMOR

Entre ficar com uma garota e ficar com a outra sempre sobra tempo para encontrar uma namorada.

Entre uma namorada e outra sempre sobra tempo para acabar o namoro e ficar completamente sozinho.

ALICE NO PAÍS DA PERVERSÃO – PARTE V – MEMÓRIAS DE UMA VIAGEM PSYCHOCIBERPUNK


– Aliceeee!!!
– Aliceeeee!!!!
– Aliceeeee!!!!

                                              – Aliceeeee!!!!

– Aliceeeee!!!!

– Aliceeeeeeee!!!

A cabana desaparecera. Ecoava uma voz metálica chamando pela doce Alice. Ela ainda entorpecida pelos prazeres anteriores. O escuro ia se dissipando. A sua frente um homem gigante. Trazia um monóculo dourado. Que parecia scannear a menina.

A voz permanecia. Mas não vinha do homem. Ao seu redor pequenos seres sem pernas e com asas gritavam seu nome. Como querendo tocá-la.

Mas pareciam temer o homem. Este a jogou em suas costas e a levou rapidamente por onde agora se erguia, em meio a uma floresta devastada, restos de máquinas e muita fumaça.

Alice estava confusa, para variar. Mas deixou-se ir sem nem ao menos questionar. Pararam ante um portão marrom, enorme. O homem gritou algum número. O portão abriu-se.

SOBRE HISTÓRIAS E MOSCAS – PRIMEIRA PARTE: O OUTRO ENQUANTO PROBLEMA CONTINGENTE NA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA PESSOAL


Estou com a interface de um software editor de texto aberta diante de meus olhos enquanto escrevo. Esta página branca virtual lentamente sendo preenchida com as letras destas palavras é a única fonte de luz no quarto, assim como a chuva e meus dedos são os únicos provedores da trilha sonora desta trama.

Eram.

Eis que surge uma mosca que, atraída pela fonte de luz, tornou-se uma nova provedora de sons para minha audição. E que péssima provedora de sons uma mosca consegue ser... Intrometendo-se na execução da trilha que eu havia escolhido para este conto.

Eu sou apenas alguém qualquer tentando escrever a própria história e considero a mosca uma dificuldade que surgiu na construção da minha história.

A mosca influenciou tanto o rumo do que escrevo que a altura desta frase a palavra “mosca” já foi digitada 5 vezes.

Consegui.

EDITORIAL – DÉCIMA SÉTIMA EDIÇÃO

O mundo perfeito é simples: todos transam sempre que podem, a propriedade privada inexiste, todos os locais são públicos, a eterna suruba rola ao lado de museus que carregam em suas vísceras uma coisa chamada dinheiro, negócio primitivo certa vez gozado pelo comunismo apaixonado. No meio de toda a orgia algumas penas rosadas, flamingos saltitando ansiosos por uma vagina quentinha. Pode ser que surja do céu o Messias, de um tipo carnoso, bem humano, prontinho para levar suas mulheres glorificadas, as freiras do Senhor. Momento ótimo para fotografias e conhaque. Trabalho para o Homem Surpresa e sua lente pervertida. 

 Hot Fritola 17: sabor de coisa erótica, a mistura final de todos os sêmens e líquidos vaginais desse plano de existência. Sente-se, masturbe-se, goze com força no teclado, nos presenteie com suas excreções e aproveite alguns contos depravados e a poesia da verdade absoluta.